sábado, 31 de agosto de 2013

CONSTRANGIMENTO GERAL NA CÂMARA FEDERAL!


A Câmara Federal não deveria se desgastar tanto perante o povo brasileiro por manter o mandado do deputado federal Natan Donadon, mais como uma retaliação ao STF e menos pelos crimes de desvio de verbas públicas quando ainda era deputado estadual em Rondônia. E agora quer votar uma proposta para acabar com o voto secreto que espera na fila da boa vontade dos parlamentares desde 2007. Os Ministros do STF, Gilmar Mendes e Marcos Aurélio de Mello, disseram que uma pessoa condenada e sem direitos políticos, não pode continuar com o status de deputado federal e salientam o embaraço da Câmara diante de tão vergonhosa decisão que ela própria criou para si, sem a menor necessidade.


Com o legítimo direito que a Câmara lhe concedeu de continuar tendo em seus quadros um deputado federal condenado em todas as instâncias a mais de 13 anos de prisão em regime fechado, o advogado de defesa de Donadon anunciou que entrará no Supremo Tribunal pedindo que ele mantenha todos os direitos de parlamentar e, a menos que encontrem um arranjo para sair desse embrulho jurídico, o deputado federal ganhará o direito de continuar mantendo sua família em apartamento funcional da Câmara, receber seus salários, plano de saúde, verba de gabinete, enfim, tudo o que tem direito um parlamentar que exerce seu mandato.


O voto secreto, que livrou o deputado da cassação e o cometimento desse terrível erro jurídico para o Brasil tem uma longa história. Em primeiro lugar, o voto secreto é um direito que a pessoa tem de votar, em eleições, em segredo, sem que outras pessoas saibam em quem o eleitor votou a menos que ele conte. Isso é uma forma de evitar a coação. No Brasil, registra a história que ele foi implantado pela primeira vez em 1925, no pleito do Centro Acadêmico XI de Agosto, entidade que até hoje representa os estudantes de Direito da USP, se estendendo depois para MG, por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, em 1929, para eleição suplementar de um vereador e só entrou no Código Eleitoral do Brasil em 1932 e se mantém desde lá até hoje, servindo muito mais para beneficiar do que para exercer democraticamente um direito de opinião.

Em determinados casos somente o voto secreto tem um valor essencial “para garantir que o voto expresse realmente a vontade do eleitor” e também serviria, em tese, para proibir a compra de votos do eleitor, “garantindo democracia total” contra o voto cabresto e o coronelismo do passado. Contudo, o voto secreto ganhou força durante a ditadura militar e o crescimento do MDB nas urnas, contra a ARENA, até chegar ao ponto de o Movimento Democrático Brasileiro ser a maioria na Câmara e no Senado, impondo derrotas seguidas aos governos militares. Mas, hoje, perdeu seu propósito e precisa acabar logo, sob risco de todos os denunciados e condenados pelo “mensalão” serem absolvidos também pelos seus pares em plenário da Câmara Federal.

Ou alguém duvida que isso ocorra? Eu não! Só para concluir, deixo no ar a indagação feita ao Ministro Marco Aurélio de Melo, do STF: “Há suspensão dos direitos políticos. Indaga-se, alguém com direitos políticos suspensos pode guardar a qualidade de deputado federal? A meu ver não! Em tom um pouco irônico, ele conclui: Os reeducandos devem estar realmente muito contentes, porque agora tem um colega deputado federal”. Isso comprova todo o constrangimento  que os deputados federais que compõem a Câmara Federal terão que enfrentar perante o povo que os elegeu.

Poucos se salvarão, a menos que o povo brasileiro seja tão burro eleitoralmente, como imagino que seja! O presidente do STF do Brasil, ministro Joaquim Barbosa, classificou a como a maior excrescência da história republicana democrática, um absurdo constitucional e um grave erro que compromete a harmonia entre os poderes da República.

Agora, a Câmara Federal terá que manter um constrangimento desnecessário, tendo que conviver e viver com um deputado federal presidiário! É mole?

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

NATAN DONADON: "LUGAR DE BANDIDO É NA CÂMARA"


Lugar de ladrão do dinheiro publico é na Câmara Federal!” Garanto isso diante da vergonhosa manutenção do mandato do deputado federal Natan Donadon, que se diz “inocente” de todas as acusações, mas não conseguiu provar nada até hoje e foi condenado em todas as instâncias há 13 anos, 4 meses e dez dias de prisão. Mesmo assim, manteve seu mandato, abrindo um precedente para todos os outros deputados condenados pelo maior escândalo de compra de votos no governo Lula, o mensalão. Ou seja, poderão até ser presos, mas não perderão seus mandatos; os que forem condenados a penas menores, poderão trabalhar e voltar ao xadrez e, para o lugar deles, sequer serão chamados os suplentes porque todos sairão da prisão da Papuda, em Brasília, direto para a Câmara para propor leis que poderão até melhorar o Sistema Prisional como um todo, pois voltarão para a prisão depois, mas continuarão com seus mandatos intactos, tudo o que o Brasil, que continua mobilizado nas ruas, não quer ver!

Desconfio até que o Donadon, sem partido, foi absolvido, mas continuou recorrendo protelatoriamente e exercendo seu mandato que lhe foi conferido nas urnas, mesmo sem ser “elegível” pela lei da “ficha limpa”. A investigação contra Donadon começou com denúncia de desvio de verbas públicas quando exercia cargo  eletivo de deputado na Assembléia Legislativa de Rondônia, mas acabou preso por ordem do STF como deputado federal  e está recolhido há mais de dois meses no presídio da Papuda, em Brasília, em regime fechado. As algemas usadas por ele teria sido o principal argumento para sua não cassação, em voto secreto, o que é uma vergonha! Isso precisa acabar!

Contudo, o deputado federal foi afastado do cargo e nada receberá por decisão solitária do presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O voto secreto foi criado há muito tempo, na época do bi-partidarismo de Arena e MDB, para respaldar votações polêmicas e esconder no anonimato os parlamentares da oposição que assim se manifestavam, principalmente contra a ditadura militar. Depois disso, em plena democracia, perdeu a razão de existir, principalmente para confirmar que lugar de bandido, de condenado, de pessoas sem escrúpulos, com algumas exceções, obviamente, é mesmo na Câmara Federal! Para seu lugar, foi convocado o ex-parlamentar Almir Lando, que exercerá todo o mandato do deputado preso e inelegível!

O deputado federal Natan Donadon, é acusado de ter desviado 8,4 milhões da Assembléia Legislativa de Rondônia, mas compareceu algemado ao plenário da Câmara Federal, fez sua própria defesa, mostrando a marca das algemas e reclamando da comida ruim que era servida na Papuda. Esse fato deve ser visto como um  precedente a todos os outros deputados condenados pelo crime do “mensalão”, o mais escandaloso crime praticado durante o Governo Lula. Isso porque, aumentando mais ainda o confronto entre o Supremo e a Câmara, o presidente Henrique Eduardo Alves anunciou que não submeterá mais nenhum caso de cassação de mandato a plenário enquanto não for aprovada a proposta de mudança na Constituição abrindo o voto secreto para esse tipo de votação. O articulista jurídico Hugo de Brito Machado garante que o voto secreto, implantado durante o Regime Militar, não se faz mais necessário em um regime democrático e ganhou a voz das ruas e precisa ser extirpado.   


O surpreendente resultado sugere que nenhum deputado federal com mandato na Câmara Federal perderá seu mandato por ter sido condenado no rumoroso processo do caso “mensalão”, como se tornou conhecido o mais rumoroso escândalo de compra de votos do Governo Lula! Durante todo o processo que antecedeu à vergonhosa votação secreta que manteve o mandato de Donadon, lobby foi feito junto ao chamado “baixo clero”, sobretudo nas bancadas evangélicas do PT e do PMDB e parece que surtiu efeito, o que se conclui que lugar de bandido é mesmo na Câmara Federal porque, embora jure que é inocente, Donadon nunca conseguiu provar que não desviou dinheiro da Assembléia Legislativa de Roraima. E apelou contra a voz das ruas dizendo: ”Temos que ter cuidado com a voz das ruas. As vozes das ruas crucificaram Jesus. Creio em Deus e na Justiça. Sei que esta Casa é independente”. Se deu certo, não sei, mas garantiu seu mandato! Depois dessa vergonhosa decisão, alguém tem alguma dúvida que todos os parlamentares condenados pelo crime do “mensalão” também continuarão com seus mandatos?

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

ORÇAMENTO IMPOSITIVO E O BRASIL DESMORONANDO!


Com tantos problemas sociais ocorrendo no Brasil e graves problemas sociais ocorrendo nas áreas de saúde e segurança pública se registrando no Estado do Rio Grande do Norte, os deputados se uniram para aprovar o “orçamento impositivo”  mas que pode ser também chamado de “orçamento corruptivo”, tal a facilidade que os parlamentares terão para direcionar emendas parlamentares à subempreiteiras que geralmente estão envolvidas em denúncias de corrupção por terem mais facilidade para emitir notas fiscais fraudulentas e menos controle sobre o que os parlamentares apresentam em suas prestações de contas das emendas.

Eufóricos, empresários de subempreiteiras comemoraram a aprovação do chamado “orçamento impositivo” em primeiro turno pela Câmara Federal porque lhes facilitará e garantirá sobrevivência a custa dos cofres públicos e, ainda mais, o conluio  oficial e eficiente com alguns deputados federais que vivem e sobrevivem só de conchavos com esses “empresários”  de beira de estrada que são contrários à Nação porque vivem de perfurar poços artesianos em municípios que nunca são fiscalizados, sobretudo no Nordeste.


Com a destinação obrigatória da execução de emendas parlamentares até o limite global de 1% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, aprovada por 378 votos favoráveis, 48 contrários e 13 abstenções, a Câmara Federal remou contra o que exige o Brasil: a transparência absoluta em todos os atos. Quem vai conferir se um poço artesiano perfurado nos “cafundós do Judas” foi mesmo perfurado?


A Câmara dos Deputados perdeu uma grande oportunidade de aprovar uma PEC criando um “Orçamento da Ética” e com um artigo apenas, poderia se redimir o Poder Legislativo Federal de tantos escândalos que eclodem envolvendo obras que não servem para nada porque foram mal planejadas, aeroportos que nunca funcionam, hospitais que nunca são inaugurados, escolas construídas e que não são abertas à comunidade. O artigo do “Orçamento da Ética, teria só esse artigo: “fica decretado que todos têm a obrigação de cumprir esse orçamento sem interesses escusos e inconfessáveis, respeitando a ética, a moralidade pública e o dinheiro dos contribuintes.”


A PEC é de autoria do deputado Edio Lopes, natural de Presidente Prudente, mas eleito pelo Estado pelo PMDB de Roraima, que iniciou sua carreira política como vereador no município de Mucajaí, em 1989, onde vivia e era um pequeno agricultor na Vila Tamandaré. Depois se elegeu em 1991 a deputado estadual em Roraima, permanecendo por quatro mandatos seguidos, chegando a presidir a Casa. Em 2006, se elegeu para a Câmara Federal, sendo reeleito em 2010. O parlamentar se notabilizou pelas ações buscando o desenvolvimento de ações a voltadas ao desenvolvimento de Roraima, sobretudo na área de piscicultura e no desenvolvimento de agricultura em vários municípios do seu Estado de Roraima.



O parlamentar Edio Lopes tem se destacado de forma atuante desde seu primeiro mandato, é verdade, mas deveria ter mais compromisso com o Brasil porque o orçamento impositivo é tudo o que os empresários desejavam e comemoram para começar a pensar em como repassarão dividendos políticos a alguns poucos parlamentares que não têm qualquer compromisso ético e político com o Brasil. O deputado também é o responsável pela relatoria do projeto que prevê a exploração mineral em terras indígenas.


Edio Lopes, contudo, perdeu uma grande oportunidade de propor projeto pedindo que todos os outros deputados federais que serão beneficiados pelo seu projeto impositivo também tenham ética na aplicação dos recursos de emendas parlamentares e não as direcionem para empreiteiras de cartas marcadas, com as quais garantem suas reeleições, cobrando propinas de muitos deles, por imposição para direcionar os recursos das emendas parlamentares!



terça-feira, 27 de agosto de 2013

DIFERENÇAS ENTRE PROFESSOR, EDUCADOR E POLICIAL!


Embora  pareçam ser a mesma coisa, existem diferenças sutis entre as palavras “professor” e “educador”, mas nenhuma delas se confunde com a palavra “policial”, como está tramitando um projeto de Lei que deseja equiparar o trabalho do professor com o de policial, acrescentando-lhe bonificação de “risco de vida” para que o docente passe a trabalhar em áreas de risco.

Hoje, dentro de uma sala de aula, existe alguma área que não seja de risco? Entendo que não! Professor ou docente é a pessoa que ensina uma ciência, técnica ou outro conhecimento para outra pessoa. Como para exercer qualquer outra profissão – menos a de parlamentar -, se exige qualificações acadêmicas e pedagógicas de uma pessoa a fim de lhe dar total segurança e entendimento ao transmitir e ensinar determinada matéria como melhor forma de se fazer entender pelo seu aluno.

Embora seja uma das profissões mais antigas do mundo, tendo em vista que todas as demais profissões – menos a de parlamentar, volto a insistir - dependem dela. Na sua famosa obra “A República”, Platão já alertava para a importância do papel do professor na formação do cidadão.

E agora estão querendo transformar o professor em um policial, atribuindo-lhe risco de vida! É demais! O que falta mesmo é mudar o modelo de educação arcaico e ultrapassado, ainda originário da pós-Revolução Industrial do século XIX, com alguns avanços e muitos atrasos pedagógicos. Se busca melhorar a educação criando cotas para negros, índios e originários de quilombos, mas não se fala nada em mudar o modelo cuspe e giz que se pratica hoje, com matérias desinteressantes, professores desmotivados e, o pior, agora tendo que também ser espancado por alunos deseducados, violentos, usuários de drogas e sempre endemoniados pelos vícios que a sociedade lhes fez ter, com muitos direitos e nenhum dever, com muitos Códigos e nenhuma responsabilidade.

Ah, ia esquecendo: falei que existem diferenças sutis entre professor e educador. Educador vem da palavra latina “educatore”, que significa “aquele que educa, cuida e ensina valores”, ou seja, “a arte de ensinar”. Mas de qualquer forma, nenhuma delas se parece com o sentido semântico ou etimológico da palavra policia que, de forma objetiva, é a atividade de assegurar a segurança para pessoas de bem e, até que se prove ao contrário, o verdadeiro professor é uma pessoa de bem!

Para não dizerem que fui omisso, o termo polícia também está associado aos serviços e agentes do Estado nos quais se delega a autoridade para o exercício dos seus poderes de polícia...Ou será que vão transformar os bravos professores em agentes de polícia, dando-lhes adicional de risco de vida para que morram em nome de um ideal? Se for isso que querem, existe um equívoco porque a carreira de professor não é uma carreira de Estado, infelizmente! Só se também lhe ensinado a arte de atirar e lhe for também concedidos os legítimos poderes de força no âmbito do cumprimento de sua missão de transmitir conhecimentos, saberes, usando uma arma na cintura. Ou vai pelo bem, pela vontade do indivíduo, ou vai pela bala mesmo, já que pretendem transformar pacatos professores em agentes da Lei. É demais!


Caso contrário, sugiro o imediato início das discussões para implantar a “Carta da Terra”, uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século XXI, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica, inclusive no aspecto educacional também.  A Carta da Terra busca inspirar todos os povos a um novo sentido de independência global e responsabilidade compartilhada, voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. “É uma visão de esperança e um chamado à ação”, conclui o documento “A Carta da Terra”

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A VIDA NOS TROTES DE UM CAVALO...


Momentos de minha vida recente ressurgiram junto com o trote compassado e leve de um cavalo que transportava a criança em uma aula de eco-terapia, quando transpus o muro do quartel do Batalhão da Cavalaria da Polícia Militar “Coronel Bentes”, em Manaus, quando fui solicitar doação de sangue à voluntários do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CEFAP. Relendo placas na parede, revi nomes de pessoas com as quais convivi, como os então tenentes Mael Rodrigues de Sá, Ferreira Lima, Edson, Costa, o “Costinha”, o militar mais civil que conheci, Hilmar dos Santos Faria, Élson Mota, Assante, Henriques, Bonates, Bentes, Benfica, Correi aspirantes Sirothoau, Paulo Roberto Castelo Branco, Paulo Roberto, comandantes de OPMs,

O  1º Batalhão, ficava em Petrópolis; a Rádio Patrulha, na Duque de Caxias; Polícia de Trânsito, dentro do prédio do CG na Praça Heliodoro Balbi, depois ao lado da Rádio Patrulha; a Polícia de Guarda, na Duque de Caxias, se unindo por trás à RP. Alguns faleceram e outros que seguiram carreiras, chegaram ao posto máximo de tenentes-coronéis e foram nomeados comandantes gerais da PM. Os vivos, mas não sei onde andam. Só tenho notícias boas sobre eles! Mas fui esquecido por eles!

Os tenentes Mael e Ferreira Lima, em momentos diferentes,  comandaram à temida PP-2, uma divisão de repressão da PM no fim da década de 70 e início de 80, com todos seus membros andando disfarçados. Nesse período, todos os comandantes da Corporação Polícia Militar eram sempre originários das fileiras do Exército Brasileiro. Convivi com coronéis Mário Perelló Ossuoski, Wilson Ribeiro Raizer, Henriques Lustosa e outros que vieram depois até ser nomeado o primeiro coronel PM, Élcio Mota, quando deixei de ser credenciado e publicar em A NOTÍCIA, informações oriundas da Polícia Militar.

No dia 30/06/79, recebi diretamente das mãos do então chefe da 5ª Seção de Comunicação, em plena ditadura militar, do tenente Alfredo Assante Dias, uma Credencial que ainda a guardo comigo, no qual se lia no verso “SOLICITO AOS COMANDANTES DE OPM O APOIO NECESSÁRIO PARA O QUE O MESMO POSSA EXERCER SUAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS”.  em plena continuidade da Ditadura Militar, que me permitia livre acesso a todas as ações executadas pela PM. Naquela época, acompanhei e escrevi sobre as execuções pela temida PPD-2, das quadrilhas do Padeirinho, Alan, X-9, Abílio e outras consideradas perigosas na época de uma Manaus ainda pacata de pouco mais de 700 mil habitantes e tranquila, com lembranças vivas de um secretário de segurança que permitia que se dormisse de janelas e portas abertas.  

Quando o tenente Assante assumiu a diretoria do Detran-Am, o tenente Correia fio levado com ele para ser o examinador de direção e decidi tirar pela primeira vez a CNH, no dia 21/03/1979 e o tenente me conheceu, se espantou e me pergunto o que tinha ido fazer ali. “Vim fazer prova de rua!”! Respondeu-me, brincando: “E tu ainda faz exame de rua? Passe no dia tal no Detran-Am, para receber sua CNH”. Isso se deu e eu estava habilitado. Era verdade, eu já tinha dirigido até para o diretor do Detran-Am, inclusive subindo a ladeira da Rua Tapajós, onde eram feitos os testes de rua para se receber a CNH, porque ele não dirigia carro!

Mas não sei quem inventou que o “o para sempre” é como um relâmpago em nossas vidas porque nada dura para sempre e o “para sempre” é mais uma utopia linguística que nos faz acreditar que a vida será eterna, como a morte a será por certo. Nas patas do cavalo que trotava em uma aula de eco-terapia, relembrei nitidamente quando estacionava meu velho fusca amarelo ao lado e entrega no CG, com um guarda sempre à porta para quem eu dava continência e ele batia as botas em resposta ao meu  cumprimento. Eu, mesmo a despeito de usar um cabelo longo, barba comprida e uns óculos pequenos e redondos, estilo John Lennon, que conferia a mim o aspecto meio desleixado e alguns estudantes da época dizendo que eu era um “comunista” ou dedo duro da ditadura ou agente da repressão em razão de meu aspecto ser igual a todos os integrantes da temida PP-2, comandados pelo tenente Mael Rodrigues de Sá e depois pelo tenente Ferreira Lima, fossem como eu era também.

Nessa época, publiquei a matéria e guardei a fonte, informando apenas, em letras garrafais “JOSÉ LINDOSO, PRESO NO PALÁCIO DO GOVERNO, ROUBANDO TOALHAS”. O jornal vendeu muito nesse dia, mas deu problemas porque no dia seguinte o Secretário de Comunicação Social, poeta Elcio Farias apareceu em A NOTÍCIA querendo saber qual era a fonte da informação e por que já havíamos escrito a manchete associando ao nome do governador do Estado. Em todas as Delegacias de Polícia da época, vi essa matéria colada nas paredes. Daquele dia em diante, foram proibidos aos jornalistas informações desse tipo.

Com muita saudade relembro companheiros valorosos como Oscar Carneiro, com certa idade, de quem eu adorava ouvir histórias da imprensa do passado, já com certa idade, e Francisco Pacífico, por apelido de “Cachacinha”, que faleceu vítima de cirrose hepática, ambos do Jornal do Comércio e já falecidos. O primeiro, ha mais tempo na imprensa, me contava que havia dormido no “casarão da Rua Marechal Deodoro”, em cima de rolos de jornais, só para pegar notícias policiais fresquinhas com o Sr. Jióia e dar “furo de reportagem”, nos outros jornais. As ocorrências eram todas registradas em um grande livro. O outro, o Pacífico, só queria que chegasse o final de semana para “tomar uma”. O jornalista Oscar Carneiro se dizia apaixonado pela secretária do tenente Alfredo Assante Dias, e fazia muitas brincadeiras com ela! Tudo era mesmo brincadeira porque o Oscar era uma pessoa muito séria!

Relembro com saudades quando fui iniciado no dia 19/08/89,  elevado e o dia 31/05/90 e exaltado ao Grau 3 na Loja Maçônica Manaus 28 por convite do então companheiro de Rotary Clube do Distrito Industrial, George Mendonça Marques, que reunia alguns empresários do DI. Lembro-me de ter sido convidado pelo empresário Cristovão Marques Pinto, mas convivi ao lado de companheiros como Otto Fleck, Sérgio Witte Gueiller, diretores da Gradiente, Francisco de Freitas Rola, que fazia questão de se apresentar como “Rola” e todos riam o economista José Fernando Pereira da Silva, o “Zica”, com quem brincava sempre que “amor de Zica, onde bate fica”, Nizardo Rebouças Chagas no fim da década de 70...além de outros que não recordo mais porque os anos e as onze cirurgias no cérebro não permitem uma memória tão prodigiosa como já o fora no passado!

Hoje não frequento mais nada...mas lembro com saudades! Depois, no Lions Clube de Manaus Centro, com o empresário José dos Santos Azevedo; Uirapuru, com Rosedilson Lopes de Assis...


E tudo isso recordei na ponta de meus dedos quando parei para olhar um menino sendo conduzido por três terapeutas em uma aula de “eco-terapia”, em volta do quartel. Ele mudando a bola de uma mão a outra, se equilibrando no dorso do cavalo, ao lado de três instrutores e minha vida passada recente se descortinando nos passos daquele cavalo que trotava lento, como se estivesse quase parado, como está parada a ajuda à Cavalaria Coronel Bentes para construir baias cobertas que permitirá o aumento do número de alunos, independentemente do tempo sempre inconstantes que ocorre em Manaus. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MENORES ESPANCADOS, MAIORES REVOLTADOS!


Não será praticando a tortura como a que foi mostrada no programa Fantástico e repercutida em outros veículos de comunicação, que serão devolvidos à sociedade os menores infratores que cumprem medidas sócio-educativas em unidades de ressocialização, na Fundação Casa, antiga Febem, de SP. O menor infrator em medida sócio educativa é uma pessoa que só espera uma oportunidade, alguém que lhe mostre um caminho, uma porta, um atalho porque já são discriminados por serem infratores, muitos envolvidos com o tráfico, roubos, homicídio etc., ou seja, naturalmente são socialmente estigmatizados e moralmente discriminados pela  sociedade só porque não entendem as regras criadas e impostas pela sociedade na qual nasceram e não se encontraram dentro dela.

Segundo um estudo de Moacyr Pereira Mendes, “O direito à alimentação e à educação do menor, frente ao Estatuto da Criança e ao Adolescente, esse não é um problema somente interno, porque 38,1% das crianças menores de cinco anos vivem em países em desenvolvimento e padecem de comprometimento severo de crescimento.

Esses menores em situação de vulnerabilidade alimentar estão também sujeitos às drogas, abusos sexuais e outros problemas e exigem do Estado uma proteção mais efetiva e responsável. “O resultado dessa situação precária e lastimável não poderia ser outro senão uma associação com outros danos, dentre os quais podemos destacar o aumento na incidência e na severidade de enfermidades infecciosas, as elevações das taxas de mortalidade na infância, o retardo do desenvolvimento psicomotor, dificuldades no aproveitamento escolar e diminuição da altura e da capacidade produtiva na idade adulta”, garante o estudo. Além disso, os menores infratores só buscam um meio, um caminho, uma ajuda para se recuperarem, mas não será com espancamento que se fará isso. Defendo mudanças no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, mas para modernizá-lo. Jamais para permitir o espancamento, a tortura como se viu na reportagem exibida.

Durante os oito anos em que atuei no processo de recuperação de menores em situação de vulnerabilidade social (A CIDADANIA COMO FATOR DE RESGATE SOCIAL, in carloscostajornalismo.blogspot.com), percebi que os infratores desconhecem totalmente como se constitui  a sociedade e, portanto, desconhecem também porque existem regras, deveres etc. Mas conhecem muito bem os seus direitos porque vivemos em um sociedade com excesso de direitos e poucos deveres, infelizmente. Com o ECA, o Estado “retirou” da família o direito de educar seus filhos e não permitiu e nem apresentou outro modelo de criação.

Desconheço um único jovem que tenha participado de programas sociais no passado, inclusive eu mesmo, que tenha se tornado uma pessoa traumatizada, psicologicamente abalada por ter trabalhado desde cedo, como eu, aos 10 anos, estudado, seguido uma profissão, que não tenha sido imposta regra, limites e ordem capaz de fazer entender e diferenciar o certo do errado, do legal ao ilegal, do ético e moral do aético e imoral. Conheço sim, juízes, promotores, advogados e médicos que venceram pelo estudo, trabalho, perseverança e hoje sabem dar valor ao dinheiro que recebem com o suor de seu trabalho.

Menores brutalmente espancados se tornarão ao final do cumprimento de suas medidas sócio-educativas mais revoltados ainda contra um sistema que eles desconhecem (A CIDADANIA COMO FATOR DE RESGATE SOCIAL, de Carlos Costa in carloscostajornalismo.blogspot.com) e, por isso mesmo, não aceitam. Jovens em situação de risco acham que podem tudo e são contra tudo que é regra que lhes sejam impostas. Desconhecem as normas sociais e menos ainda conhecem limites. Para os excluídos da sociedade por várias razões, são coitadinhos e buscam apenas alguém que os apóie e lhes abram as portas, conforme demonstrei em minha obra, escrita depois de 8 anos convivendo com menores infratores, dependentes químicos, vitimizados de todos os tipos.


A esses menores só um choque maior do que eles possam imaginar é que os faz cair na realidade de um mundo que estava posto quando eles nasceram e não conheceram as palavras Não, Depois, Talvez etc. Mas não será com espancamento que os recuperaremos e, sim, com amor, dedicação, carinho e muita paciência porque eles são jovens livres, leves e soltos e não compreendem como funciona a sociedade cheia de leis, regras, limites que eles não criaram e, por isso, se acham superiores a todas elas.


No episódio que envolveu a Fundação Casa, ex-Febem de São Paulo, muitas coisas estão envolvidas desde o despreparo do pessoal envolvido na reeducação dos jovens, à aplicação das medidas de espancamento, com requintes de crueldades.

 O mais interessante, porém, é que o Ministério Público só age depois de uma denúncia pública, quando seu dever teria que ser o  de fiscalizar o cumprimento da obrigação dos funcionários da Fundação Casa e de todos os outros locais responsável pelo cumprimento dessas medidas em todo o Brasil,  mas isso infelizmente não acontece, na prática. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

GRATIDÃO...


À Pedrinha Phillippi Melo, de SC, com carinho.

A gratidão é definida como um ato de reconhecimento de uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, auxílio, fator e é derivada da palavra de origem latina GRATUS ,  que significa tanto “agradável” como “agradecido”, mas também “elogiar e dar as boas-vindas”.

Mas é verdade também que a palavra gratidão tem sido pouco usada ultimamente, principalmente na prática, em momentos difíceis da vida! Mas será que a palavra gratidão pode ser resumida assim, de forma tão simplória?   

Gratidão é mais do que tudo isso. É mais do que uma simplesmente uma palavra pronunciada ao acaso, ao vento e que o vento levará para bem longe, não permitindo que espalha como deveria e não a faz chegar ao coração os homens. Talvez por desconhecerem ou não entendam que a gratidão, sozinha, sem a prática constante não tenha a força necessária para se tornar em algo forte sozinha e seja capaz de transformar vidas! Ela precisa ser praticada, mesmo que em pequenas doses homeopáticas...

O papa Francisco usou a palavra gratidão em vários de seus pronunciamentos!

O que ele estaria querendo dizer?

Uma coisa ele deixou explicita: iria retornar a Roma, mas partiria com recordações felizes e as transformaria em oração porque  sentiria saudades do sorriso aberto e sincero que tanto o comovera no Brasil.

Isso também é uma forma de gratidão!

Saudosista, o Papa Francisco disse que pensaria nos jovens, os protagonistas da Jornada Mundial da Juventude, pelo belo testemunho e participação viva, profunda e alegre, comportando-se como discípulos na peregrinação.

Isso é também gratidão porque repartir com os outros um testemunho de alegria a serviço dos jovens que fizeram florescer a civilização do amor, é um sentido de gratidão, mais uma vez!

Gratidão,  é um símbolo em si mesma e se emprega sempre que o coração determina e se espalha pela vida como se fosse uma semente que germina no coração de outros homens....

Gratidão é como se fosse a semente de uma rosa que, lançada em um solo infértil é capaz de fazer desabrochar em uma flor no meio das pedras, onde ninguém esperava vê-la, encontrá-la, senti-la perfumando outras rosas...Gratidão, como descrevê-la? Uma palavra apenas, mas cheia de significados, sentidos e propósitos. Então, o que venha a ser gratidão?


É melhor não descrevê-la, mas praticá-la entre os seres humanos que vivem na clausura, no silêncio, no escuro...Vivamos a gratidão, então, em toda sua mais sublime perfeição, em qualquer que venha a ser seu sentido lato ou estrito senso!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

MEIO SÉCULO...

A três anos passados, quando completei 50 anos, comecei a viver intensamente entre convulsões e remédios e escrevi esse poema pelo meu aniversário e me dei de presente para mim mesmo! Hoje, estou com 53 anos e desde 2006 vivendo infectado por duas bactérias hospitalares, adquiridas durante minha segunda cirurgia das 11 a que já me submeti desde aquele ano!

Carlos Costa
carloscostajornalismo.blogspot.com




Meio século de vida:
Não estou triste; não estou alegre!
Estou vivendo os meus 50 anos de vida.
Vida sofrida, difícil é verdade...mas feliz!

Meio século de vida:
Não sei se choro; se abro um sorriso.

Acho que hoje tenho o direito de fazer tudo o que quero.

São cinqüenta anos de vida!

A  velhice me ensinou a serenidade responsável; a família firme,
A percepção aguçada, a firmeza do caráter, a honestidade como princípio de vida
E a retidão como conduta firme e determinada.

Não sei se desabo no choro ou se abro um grande sorriso!

Não sei como terminar o meu poema também;  portanto, só poderei dizer

“completei meu meio século de vida!”

A maior lição que tiro dos meus 50 anos é esta:

A vida começa aos 50! E ponto final!


DENUNCIA AO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA A PREFEITURA DE MANAUS

Como até hoje não recebi qualquer resposta da Manaustrans sobre a denúncia que formulei no dia 22/julho de 2013, apresentei denúncia ao Ministério Público contra a empresa de fiscalização e a Prefeitura de Manaus, para que se abstenham de punir os motoristas por descumprimento das Resoluções 303/304/2012, até hoje inexistentes em Manaus.

Ilmo. Sr. Procurador do Ministério Público do Amazonas

Imagem do logotipo do Denúncia On-Line

Se desejar fazer o acompanhamento da denúncia realizada, após 15 dias entre em contato com o Denúncia On-line - 3655-0611 (horário de atendimento das 8h as 14h) de posse do número do protocolo recebido.

SUA DENÚNCIA FOI ENVIADA COM SUCESSO!!
Número do Protocolo para consulta: 750540




CARLOS ALBERTO BEZERRA DA COSTA, brasileiro, casado, jornalista/assistente social, aposentado por invalidez, portador do CPF 07521081234 e CI 342-986 residente e domiciliado na Avenida Efigênio Sales, 2300 – Condomínio Mundi, Torre Nassau, Apt. 12 – Manaus – Am, bairro Aleixo, vem respeitosamente requerer a instauração de competente inquérito para apurar a responsabilidade  da a Manaustrans (Rua Tefé, sn) (fiscalizadora do tráfego em Manaus)  e da Prefeitura Municipal de Manaus (Av. Brasil, sn), gestora do trânsito em Manaus, e, ao final, proíba os dois órgãos de trânsito se abstenham de aplicar multas com base nas Resoluções 303/304/2012, do Conselho Nacional de Trânsito, que regulamentam os estacionamentos para idosos, portadores de deficiências e usuários de cadeiras de rodas, até que esses espaços sejam implantado na cidade de Manaus, principalmente em suas áreas públicas como supermercados, feiras, estádios de futebol,  escolas etc. e, ainda, que determine à Prefeitura que só libere recursos públicos para construção de espaços públicos quando os projetos a serem executados contiverem o cumprimento do que determinam as duas Resoluções.


N. Termos
P Deferimento

CARLOS ALBERTO BEZERRA DA COSTA
CPF. 07521081234

CI 352.986 – SSP-AM

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A JANELA...!


A janela aberta via o tempo passar. Estava muda.
A janela muda, também via o tempo passar rápido demais;
Agora, a janela não vê mais o tempo passar...
rápido e ou lento demais;
porque a janela se fechou para o tempo

e morreu para o mundo!
Hoje, a janela também ficou muda, cega e morta para o tempo, o mundo e nada mais registram os olhos do menino que também via o mundo passar, pelo alpendre de sua janela!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ESPELHO

Olhei-me no espelho e não me vi.
Encontrei  apenas uma turva
nuvem ao redor do que deveria  ser eu;

mas eu não era eu.

Era só um espectro de mim!

Não me reconheci. 

Não era eu que estava me vendo.

Não me encontrei naquele espelho.

Por trás do espelho, olhei a cor negra.

Ali encontrei meu rosto, decrépito como todo velho deve ser,

Mas pelo menos visualizei meu rosto:

Inteligente como todo homem deve ser!


domingo, 18 de agosto de 2013

CANÁRIO...!

Teu canto, em um canto,
É um cenário que encanta.
É um canto alegre, feliz!
Cantas pelo teu prazer e de todos
Que escutam teu canto, em um canto
Triste, estavas a perfurar um cimento do teu canto
Acho que querias ganhar tua liberdade
E, quem sabe, cantares mais feliz
Para encantar ainda mais os que te visitam
Em teu canto, em um canto


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

SER VELHO...!

Eis a primeira crônica que escrevo depois da convulsão que tive no sábado, dia 10 de agosto, quando escrevia a crônica "RANCHO GRANDE", para presenteá-la ao meu pai Paulo Costa, que ainda vive.
Espero que gostem!

Carlos Costa
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SER VELHO...!

Ser velho, não é apenas  se sentir velho por dentro e jovem por fora...Ser velho, a velhice em si mesma,  é um estado de espírito, uma decisão, uma vontade que é inexplicável, como ser novo fosse apenas um estado físico da juventude. A pessoa pode se sentir velha por dentro, na alma, no coração e no espírito, mas ser jovem por fora: ou vice-versa!

Quem decide o que seja juventude ou velhice é o coração e não o corpo porque começa a sentir o peso dos anos, a sabedoria dos tempos, a paciência dos que amam...

O corpo é apenas o invólucro do tempo e se desgasta com o tempo, naturalmente!

Quando o coração se sente velho é por que já se viveu demais ou sofreu além do que lhe deveria sofrer...deixou de fazer planos e metas para o amanhã que ainda resta.  Mas, ainda assim, o coração pode ser renovado com o amor porque para o amor não existe idade...

A juventude volta a renascer!

E, amar intensamente todos os velhos sabem; através da dança, da alegria renovada por dentro, das experiências vividas, enfim, enquanto os jovens só pensam que sabem gozar o proselitismo da juventude, vivem os contrastes e o arroubo da idade, desafiam, enfrentam, não têm medo de nada, nem de ninguém, são ousados em seu pensar, transformam, mudam o mundo: tudo o que os velhos também já fizeram um dia em suas juventudes. 

À velhice é dada sabedoria, paciência e experiência pelos anos somados de vida, mas também lhes é dado o direito dessa descoberta milagrosa de reconhecer que estão ficando velhos, quer pelo sinal que lhes dá o corpo, quer pelos seus soberanos cabelos cor de prata que, não necessariamente, não são sinônimos de velhice...

Os velhos passam a apreciar a beleza da vida com mais tranquilidade, olhar o sol com mais intensidade se pondo no horizonte, lentamente, seguindo-o como seus passos, quase nem sempre firmes. Apreciam a lua com mais carinho e o amor que só os poetas mais caducos são capazes de sentir, ouvindo o maravilhoso barulho do silêncio porque ao velho é dado tudo isso, mas também o tempo lhe dá de graça o seu andar calmo, cambaleante como se fosse um aviso que estava indo depressa demais...

Ser velho não é só ver na cor de prata dos cabelos, resultado do tempo que viveu, no somatório de suas experiências, na capacidade de raciocínio nem sempre muito lógico...Cada cabelo branco que um velho tem em sua cabeça é um aprendizado que teve na vida ou uma das muitas decepções que foi obrigado a enfrentar e superar, quer com os filhos, ou com os amigos...Os cabelos negros que ainda restarem  ainda lhes serão coloridos de prata pelo passar do tempo, com as novas lições de nossas vidas, excetos os que os pintam para parecerem mais joviais...

Às vezes, se envelhece mais ou menos em razão de doenças, internações hospitalares, compromissos assumidos, decisões que teve que tomar ou cirurgias seguidas. Com isso, mais rapidamente se pinta na cor de prata mais os cabelos. Mas os mantêm jovens na alma, no coração e no espírito dos que assim desejam.

Não existe velho; não existe jovens: tudo ocorre a seu tempo!

Apenas existem as pessoas que viveram mais, aprenderam mais, sofreram mais, mas nem sempre essa máxima é verdadeira. Viva seu hoje, seu agora e não se importe com os outros porque os outros são só os outros. Você, o chamado velho babão, idiota, tolo, é que no final transmitirá à juventude todo seu conhecimento, toda a beleza de se ser um velho com saúde!


terça-feira, 13 de agosto de 2013

CONVULSÃO

Leitores:


Enquanto concluía mais uma crônica filosófica - SER VELHO...! que em breve postarei, sofri mais uma nova convulsão sem maiores sequelas, além daquelas que já estou acostumado: dores e fraquezas nas pernas; dores e fraquezas nos braços e um sentido de leseira que não me permite raciocinar direito. 
Dessa vez não fui internado e havia tomado duas horas antes meu remédio anticonvulsivo - hidantal. Quando me recuperei - eu estava só em casa nesse momento, tomei um gardenal de 100 e dormi até que minha esposa chegou e me encontrou deitado na cama e lhe contei tudo.

Um abraço. Voltarei e postarei a crônica em breve, quando me senti totalmente recuperado. Dessa vez foi só mais um susto. Hoje, irei ao médico!

Carlos Costa

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

FALTAM LIMITES AOS ALUNOS E RESPEITO AOS PROFESSORES!



Os teóricos da Educação que me desculpem, mas a falta de lei que imponha limites aos alunos e de qualquer outro instrumento que dê autoridade ao professor em sala de aula, capaz de se fazer respeitar como mestre e se fazer entendido como o fora antes, mesmo que seja uma Lei democrática ao estilo do temido decreto-Lei 477/69, também  conhecido como “AI das Universidades” e que foi chamado pelo Ministro da Educação, Jarbas Passarinho, de “decreto draconiano” e de “lei de Newton depravada”, durante o Governo Medici,  bem que poderia ser repensado. Nunca imaginei que quase 40 anos depois, iria defender uma Lei como essa de novo, pela qual tantas vezes fui ameaçado de expulsão ou de transferência para outras Escolas, porque não havia dialética entre mim e meus professores!

Mas alguma coisa precisa ser urgentemente pensada pelos educadores para frear o protagonismo estudantil e que permitam aos professores em sala de aula ter tranquilidade e certeza que sairão para transmitir o que sabem e que voltarão ilesos para suas casas, com  os alunos temendo-os para não receberem algum tipo de punição, mesmo que seja transmitindo a responsabilidade financeira dos danos causados nas escolas seus pais, porque todos jovens são inimputáveis e protegidos pelo ECA. Mas seus pais, não!

Na prática, o processo de expulsão contra os alunos era sumário e ficavan proibidos de cursar qualquer outra escola ou faculdade pública. O uso desse decreto foi o que afastou de sala de aula por cinco anos,  o então professor de sociologia da USP,  Fernando Henrique Cardoso.

Diante da total falta de limites envolvendo alunos, escolas, com tráfico de drogas e frequência de arma entre alunos adolescentes, defendo para a instituição escola uma Lei parecida com a que foi o Decreto-Lei 477/69, contudo, mais democrática, prevendo punição e ressarcimento dos pais pela destruição e vandalismo que seus filhos venham causar em escolas e faculdades públicas, mesmo por reivindicações justas, mas sem vandalismo. Uma lei que permitisse ao Estado cobrar da família do aluno alguma coisa, mas que também permitisse ao aluno a ampla defesa. Talvez, assim, não se veriam mais cenas como as que foram mostradas no “Bom dia Brasil”, com aluno de 15 anos entortando cadeira e fazendo dela um monte de ferro velho imprestável, praticando um barbarismo sem limites e injustificável em salas de aula, prejudicando professores, escolas públicas que são depredadas em seus equipamentos públicos. Uma lei parecida com o que foi o Decreto-Lei 477/69, poderia de novo impor limites aos alunos e dar mais autoridade aos professores.

Esse decreto, assinado em 1969 pelo então presidente militar Artur da Costa e Silva e revogado em 1979 com a Lei da Anistia, mas que durante sua vigência impunha medo aos alunos e dava autoridade ao professor em sala de aula, poderia ser repensado, não para voltar da mesma forma, mas com ares de democracia. Nunca pensei que fosse escrever sobre esse assunto porque em meus anos de estudo quase cheguei a ser vítima dele em várias oportunidades em escolas diferentes que frequentei, porque era muito ativo e discutia ideias com os professores que não praticavam a dialética nas matérias das quais gostava, como de língua portuguesa e história que sempre me fascinaram.

Mesmo sendo um democrata, vivendo a experiência de um passado como estudante muito conturbado, com excessivas ameaças de expulsão das escolas em que estudei em Manaus, com ameaça de que o Decreto 477/69, seria aplicado contra mim,  fiquei horrorizado e preocupado ao ver filmagens de flagrantes de destruição em escolas públicas por alunos em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul e em Recanto das Emas, próximo a Brasília – se é que podem ser chamados de alunos!.  

O comentarista do Bom Dia Brasil, Alexandre Garcia, perguntou com razão e propriedade onde estavam os pais e os professores, além das autoridades e concluiu dizendo que os alunos destroem o patrimônio da Escola porque sabem que estão protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e  concluiu com uma frase do Papa Francisco dita no Brasil, pedindo que “não nos acostumemos com o mal”.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

VENCER O CRACK É POSSÍVEL, MAS SERÁ QUE DARÁ CERTO?


O espírito do programa de combate ao vício do crack é socialmente  necessário, urgente e pode resolver o problema. Mas será que dará certo? Embora o Brasil tenha condições de vencê-lo e permitir aos seus jovens que se livrem dessa “escravidão social e moral”, não será o simples lançamento de um programa, com liberação de  recursos e investindo em tratamento que o problema será solucionado, mas já era tempo de o Governo Federal enfrentar o flagelo da droga crack, que consome os jovens e destrói as famílias. No Brasil de hoje, com falta de médicos e até macas em hospitais públicos, não tenho esperança em resultados positivos, mas desejo que esteja errado!

Será que os Estados do Amazonas, Amapá, Bahia, Mato Grosso, Maranhão, Roraima e Tocantins, últimos Estados a aderir ao programa do Governo Federal, vão mesmo conseguir vencer mesmo o vício do Crack entre seus jovens, mesmo sem rede de saúde pública e sem médicos e estrutura para tratamento implantado? O tratamento compulsório não deve ser a meta, mas os Estados não têm nada implantado para receber seus dependentes químicos voluntariamente, muito menos convênios que possibilitem esse tratamento, compulsório ou não!

O programa foi lançado pelo Governo Federal, com a assinatura dos Ministros Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, José Eduardo Cardozo, da Justiça, Alexandre Padilha, da Saúde, Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Maria do Rosário, dos Direitos Humanos. Do lançamento à prática do enfrentamento do problema, dependerá de projetos técnicos para a liberação de recursos, a construção de hospitais preparados para esse tratamento e a contratação de profissionais para desenvolvê-lo.

Dinheiro para a segurança pública e atendimento aos dependentes químicos já se tem, além da expansão do programa para os municípios dos Estados de Alagoas, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo, que já desenvolvem o combate ao vício do crack, uma pedra que tem a mesma origem da cocaína e concentra os mesmos princípios ativos, mas gerando efeitos devastadores atingindo o sistema nervoso central.

A publicação“Crack assusta e revela um Brasil despreparado”, traz uma discussão de um ciclo de palestras e debates sobre o enfrentamento ao flagelo do crack e outras drogas, promovido pela Subcomissão Temporária de Políticas Públicas sobre Dependentes Químicos, Crack e outros, do Senado Federal. Depois de discutir a falta de investimentos em infra-estrutura nas áreas de aviação e o fracasso do programa de Banda Larga no Brasil, os trabalhos prosseguiram e enveredaram pela área social, debatendo o trabalho escravo e, agora, decidiu discutir a dependência química ao crack, concluiu que, embora o país esteja assustado, também está despreparado e desaparelhado para enfrentar mais essa questão social, que já virou um problema de  saúde pública nacional, também (http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/upload/201104%20-_%20agosto/pdf/em%20discuss%C3%A3o!_agosto_2011_internet.pdf­).


Os senadores da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) criaram uma subcomissão que, em vez dos fóruns que analisam a questão sob a ótica da repressão, analisam-na com foco na oferta de tratamento aos usuários. No entanto, a falta de dados atualizados sobre dependência química no Brasil, especialmente do crack (uma pesquisa prometida para abril teve sua divulgação adiada muitas vezes, que já pode ser considerado normal no Brasil), ouvindo representantes do governo e da sociedade, depois das discussões e da conclusão da impotência do Estado Nacional para enfrentar o problema, parece que o Governo Federal acordou e lançou pelo Ministério da Saúde, o programa “Crack, é possível vencer” por adesão dos Estados e Municípios, para enfrentamento desse flagelo social que destroça o Brasil e o Mundo.

Mas, muitas vezes, porém, para se vencer uma guerra – e estamos vivendo uma guerra contra o crack - tanto no aspecto social, moral, humano e político, é preciso usar de ousadia, imposição, determinação, coragem e engajamento de todos os membros da sociedade em torno de da meta: vencer e derrotar o crack no Brasil, principalmente investindo mais no combate ao contrabando de entorpecentes pelas fronteiras secas do país, desarticulando quadrilhas, prendendo e aplicando pesadas penas aos traficantes, aparelhando e aprimorando mais o poder judiciário etc. Se todos os poderes constituídos no Brasil se envolverem no mesmo objetivo e propósito, será possível derrotá-lo. Todos fazendo o que lhes compete, sem desvios de verbas públicas, compadrios, licitações dirigidas  e muito amor entre todos, será possível vencer e livrar do vício do crack, a juventude e as famílias brasileiras.

Fumar uma pedra de crack é a maneira mais rápida de fazer com que a droga chegue ao cérebro e, por ser comercializado por um preço baixo, e talvez seja por isso que mais rapidamente causa a dependência. E, para recuperar dependentes químicos, não adiantará só anunciar um programa, liberar recursos e pedir que os Estados e municípios se envolvam no programa. É preciso impor a todos essa meta do governo federal, mesmo se vivendo em uma democracia!


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

LAMENTO DA NATUREZA DESTRUÍDA!



Escuto como um lamento a natureza destruída:
Pássaros tristes picam e cantam em minha janela;
Talvez pensando que fui eu quem construiu as onze torres de prédios que agora visualizo;
Pássaros tristes batem em minha janela, para eu abri-la:
- Não fui o responsável pelo fim de seus ninhos; apenas resido aqui, digo-lhes!
Será que elas me entendem?
Talvez pensem que ocupo um de seus antigos ninhos.
Talvez!
Mas por desconhecer a língua dos pássaros, também desconheço por que eles tanto choram – seriam choro os seus cantos?
Só sei por que eles cantam tanto e tão tristemente ao início da noite e ao amanhecer em uma triste árvore  que restou
e que fica que em frente a janela da cozinha!
Pássaros tristes cantam tristes, batem asas tristes e agora cantam de desespero ...
ou seria de dor?

Os escuto com o coração partido!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

PESCANDO DE CANIÇO PELA JANELA!


A água corria rápido por debaixo da casa de meu tio Armando, no Varre-Vento, e eu de caniço na mão querendo pegar algum peixe que resolvesse parar para ver a isca de minhoca que colocava na água, com um anzol na ponta pronto para fisgar o primeiro curioso que decidisse ver o que era aquilo na época. Era só esperar que um deles beliscasse a isca, eu dava um puxão rápido no caniço e depois era só puxar o peixe pela janela da cozinha!

Enquanto isso, meu tio me observava calmamente ou eu o observava desconfiado? Acho que as duas coisas se faziam, mas em total silêncio, enquanto os peixes pulavam embaixo do jirau da cozinha e eu pensava que poderia fisgar pelo menos um deles, o que fosse mais curioso, momento em que lembrava que minha mãe colocava roupa de mangas compridas, um chapéu na cabeça, parada embaixo de alguma árvore frutífera no lago, pescando sardinha com seu caniço. E como ela fazia, tentava imitá-la nos gestos, mas nada fisguei! Mas se minha mãe conseguia puxar sardinha da água, por que eu não estava conseguindo? - me perguntava em desespero e em total silêncio com meu tio Armando. Talvez por não me ouvir, também nada respondia!

A enchente chegou rápido naquele ano de 1971, no Rio Solimões, emendando a água barrenta do rio com a água escura do Lago dos Reis, aos fundos da casa. Já residia e estudava em Manaus e gostava de passar férias na casa de meu avô. Era gostoso deixar a casa de minha madrinha e esperar ansiosamente o barco parar no porto de meu avô. Nessas férias, assisti ao “furo” que ligava a água do Rio Solimões ao lago, encher rápido. Media a subida da água pelo “furo”, que era um igarapé pequeno que ligava os dois locais.

- Tio, logo, logo, vai começar a dá peixe no “furo” porque a água começou a entrar. E dava muito peixe que saía do lago para o rio ou vice-versa. Era surubim, dourado...

Mas eu estava na janela da casa de meu tio, querendo pegar mesmo uma piranha que fosse, porque elas iam aproveitar os restos de comida que caíam na água. E como pulavam os peixes! Eu os via pulando, mas não peguei nenhum.  Eles eram mais rápidos do que eu. Beliscavam a isca e a tiravam do anzol. Eu retirava o caniço da água, recolocava a isca e o lançava à água novamente, com nova minhoca.  Repeti tantas vezes esse processo que cansei. Tirei o anzol da água e decidi não pescar mais nada, porque nada fisgaria   minha mãe que continuava parada embaixo de uma árvore, “caniçando”  com alegria, sol a pino, suor ao rosto e lhe “ardendo” também os braços, muito rápidos para puxar com mais uma sardinha presa ao anzol do caniço!


Meu tio deve ter ficado rindo por dentro e eu com uma vergonha por fora, mas só nos olhamos, nada falamos um para o outro. Olhei mais uma vez para ele e meu corpo de 11 anos saiu batendo o pé com firmeza, com raiva e vergonha, ao mesmo tempo!


Anos mais tarde, aos meus 27 anos, meu tio Armando alugou um barco com o motor de 12 cavalos de força e voltamos a pescar juntos em um lago no município de Autazes, também um dos maiores produtores de leite no Amazonas! Eu só queria visitar de novo o Varre-Vento, mas meu tio disse que nada era mais do jeito que eu gostaria que ainda fosse!



Foi uma viagem de volta inesquecível rumo a Manaus, depois de 15 dias parado com o pequeno motor no meio do lago, rodeado de água e floresta por todos os lados, ouvindo o barulho do silêncio da floresta, o cantar alegre dos pássaros voltando para seus ninhos ao final das tardes, além do roncar de pescadas e bacus...por baixo da embarcação.