segunda-feira, 8 de abril de 2013

DECIDI SAIR DE CASA....


                                   (um city tour por Manaus)

Decidi sair de casa...Não da forma que vocês possam estar pensando, pois fui apenas acompanhar minha esposa Yara em um “city tour” até a Feira da Banana. Deixei o apartamento no Mundi, alcançando a Avenida Efigênio Sales e logo depois, dobrando à direita na Rua José de Arimatéia, hoje cercada de mato pelos dois lados, entramos pela Rua Via Láctea e seguimos para o local das compras em uma feira pública, sem estacionamento para carros de portadores de necessidades especiais, idosos ou cadeirantes, como determinam as Resoluções 303/304 do Contran.  

Devido as irregularidades do asfalto em alguns trechos, aos pulos o carro desceu por toda a Rua Maceió, até alcançar à Rua 7 de Setembro saindo quase em frente ao Palácio Rio Negro, comprado de um alemão pelo governador do Amazonas,  Pedro Bacellar, avô da mãe de minha esposa. Uns 100 metros depois, o carro manobrou à direita e passou frente ao antigo cine “Veneza” da família “Bernardino”, inaugurado com o filme “O Destino de Poseidón”, tendo na platéia meu sogro Francisco Queiroz e sua esposa, Maria Luíza. O cinema fora construído de frente para um Igarapé aterrado pelo Prosamim que circundava toda a parte dos fundos do Palácio Rio Negro. O carro de minha esposa finalmente ingressou na Rua Lourenço Braga atingindo seu objetivo: fazer compras com preços mais baratos, na Feira da Banana!

Na Rua Lourenço Braga, admirava as proas dos barcos regionais quase alcançando a parte superior da Rua, por entre pequenos espaços deixados por caminhões e carretas que, mesmo proibidos, teimam em estacionar na orla do Rio Negro, meio da rua, em filas duplas e até triplas, atrapalhando a fluidez do tráfego (e nenhum agente no local). Era uma perfeita, linda e bucólica visão de uma paisagem urbana, para mm.  A posição e altura das proas dos barcos regionais podem estar sinalizando que Manaus, este ano, poderá ter uma nova cheia igual ou superior às registradas nos anos 1953, 1969 e de 1999. À entrada da Feira, fui saudado com frase “quem é vivo sempre aparece” pelo guardador de carros Marcelo, porque tempos havia que não acompanhava minha esposa nesse tipo de tarefa.  Depois, Marcelo se virou para estacionar o veículo em uma vaga. Será que os portadores de necessidades especiais, idosos e cadeirantes eles não existem em Manaus ou de uma hora para outra se tornaram invisíveis aos olhos dos administradores públicos da cidade?

Dentro da feira, com minhas pernas cravadas de varizes devido à trombose, paralisia e derrame quase não suportavam meu peso de 73 quilos distribuídos em esqueleto de 1,68 cm. Caminhando com dificuldade, por entre bancas, cachos de bananas e carreteiros que ganham seu dinheiro, mas também atrapalham quem já tem dificuldades para andar, me espantei com os preços cobrados pelas frutas e verduras, produtos integrantes da “cesta básica”, desonerados de impostos pelo Governo Federal, mas não repassados aos clientes, com a desculpa de que “tudo sobe, por que não subiria também aqui?”.  Em todas as bancas, os preços eram os mesmos, sempre altos e pareciam cumprir uma tabela única. No retorno pela mesma rua, por culpa dos caminhões e carretas que continuavam estacionados em filas duplas e triplas, quase não me foi permitido apreciar as proas dos barcos multicoloridos! Uma pena! Será que Manaus virou uma cidade sem Lei e por isso não pude vê-los como gostaria de ter feito? Todos os barcos multicoloridos refletindo na água escura do Igarapé do 40, um ancorado um do lado do outro, em perfeita harmonia (não como os caminhões e carretas que atrapalhavam o tráfego na rua), cada um respeitando o seu espaço, de forma tranquila e intuitiva, sem necessidade de alguém que os organize ou os puna! Essa não pude ter!

Devido ao mesmo fator de não cumprimento do que determinam as Resoluções 303/304, não quis disputar vagas na Feira do Peixe, por que não desejava disputar vagas com moto-taxista, táxi-carga e táxis, que têm estacionamentos demarcados e exclusivos, retornei. Minha esposa decidiu voltar pela longa extensão da Rua Lourenço Braga, que margeia parte do Igarapé do 40, resultado de um aterro que era conhecido em propagandas políticas como “Nova Veneza” e terminou sendo concluído anos depois pelo governo Eduardo Braga! Quem as sabe, talvez pudesse ver, mesmo de longe, os barcos multicoloridos ou quem sabe as carretas e os caminhões já tivessem partido? Decepcionei-me de novo. Continuando pela Rua que poderia ter recebido o nome de Rua Nilo Tavares Coutinho, uma justa homenagem a um grande empresário da Construção Naval, um dos pioneiros nessa atividade, que começou como torneiro mecânico em sua casa, mas depois adquiriu a “Ilha do Caxangá” e nela se estabelecera por longos anos.  Mas o nome da rua foi dada em homenagem ao procurador geral do Estado mais jovem a assumir o cargo no Governo Gilberto Mestrinho. Mas isso é história!  

Da Rua Lourenço Braga, entramos na Rua Duque de Caxias e, logo no início, observei mulheres com muitas sacolas na mão esperando o portão da Penitenciária Raimundo Vidal Pessoa ser aberto para visita às 08h30min da manhã. A fila de mulheres com bolsas, quase chegava até as últimas três árvores de seringueiras que ainda resistem bravamente à destruição e ao progresso. Estariam dentro das bolsas, apenas mercadorias de primeira necessidade, presentes e pedidos feitos pelos presidiários?

Se era somente isso que as bolsas das mulheres transportam,  como é que na Penitenciária aparecem tantas drogas, celulares, carregadores e outras coisas que são noticiados durante as rebeliões?

Mistérios a serem desvendados, apenas mistérios!


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