Quando a sexta-feira da
paixão era santa e verdadeiramente se cumpria isso, a tradição milenar de não
comer qualquer tipo de carne vermelha era respeitada. Também não se varria
casa, as músicas nas emissoras de rádio,
só orquestradas e em volume baixo, tocavam o dia inteiro. Naquele tempo não muito
distante, Sexta-Feira Santa era realmente Santa! Tudo tinha que ser feito na
Quinta-Feira da Paixão. Na Sexta-Feira, nada se podia fazer!
Mas, ir ao cinema, com toda
a família – pai, mãe e filhos -, ver sempre reprises de filmes da “Paixão de
Cristo” era um programa obrigatório. Embora sempre reprisados e em preto e
branco, as pessoas se emocionavam, choravam e saiam tristes das salas de
exibições, pelo sofrimento que Jesus sofrera para livrar os pecados de todos
nós. Muitas ainda com os olhos
vermelhos, seguiam para o Arraial da Malhação de Judas. Verdadeiras
representações de roças eram reproduzidas nas ruas sem asfalto das cidades e
bonecos simbolizando o traidor de Jesus eram explodidos sob os aplausos!
Essas
são lembranças esquecidas pelo tempo que nunca mais voltarão ao imaginário das
pessoas de hoje, da era da tecnologia, dos sons estridentes, festivais de rock,
como o Lollapalooza, por exemplo, bebedeiras e outras faltas de respeito mais.
Os festivais de Rock quase sempre são promovidos nessas datas consideradas
santas!
Nesse dia, as famílias jejuavam
se ajoelhavam, se confessavam e pediam perdão de seus pecados aos padres, que
representavam Deus na terra! Mas, hoje, o confessionário
parece que foi abolido das igrejas, pois não o vejo mais. Eles se localizavam
nas áreas laterais das Igrejas e eram em forma de uma casinha. Os padres entravam
se sentavam em um banco que existia para ouvir os pecados dos fiéis e aplicar-lhes
as penitências. Estes à frente, se benziam depois, se ajoelhavam, e diziam: “eu
vim aqui porque peguei” e contavam todos seus pecados, alguns nem tão graves
assim!
Mas parece que com o desuso
da prática de confessar a um padre seus pecados, não muito antiga, as igrejas aboliram
totalmente os confessionários ou simplesmente as pessoas deixaram de acreditar
que o padre é o representante de Deus na terra. Depois de participar da missa
de Páscoa, se confessar e se comungar, a pessoa pecadora recebia a penitência,
cumpria e depois deixava a Igreja aliviada, leve, sentindo-se purificada e com sua
alma limpa! Também, com tantos escândalos sexuais envolvendo padres, bispos e
outras pessoas das igrejas, antes tidas como pessoas “santas” não me admira que
estes tenham sido abolidos. Para quê mantê-los, se não servem mais para nada?!!!!
Talvez temam que a
confissão de seus pecados se torne pública, como ocorreu na engraçadíssima
novela de Dias Gomes, quando o folclórico
prefeito e maníaco por um cadáver Odorico Paraguaçu mandou seu fiel escudeiro “Dirceu
Borboleta” instalar microfone dentro da confessionário só para tentar ouvir as
confissões das pessoas da cidade em tempo real e descobrir quem teria roubado
um cadáver que inauguraria o seu cemitério, plataforma de campanha. Mas, sem
sucesso, contudo!
Como o avanço da
modernidade tudo acaba e faz acabar, infelizmente a prática da confissão dos
pecados ao padre foi engolida pela tecnologia do mundo digital, quando até
missa já é transmitida pela televisão!
É uma pena!
Na casa da minha avó, todos os filhos se reuniam para o almoço, com bacalhau com batata. Belos tempos.
ResponderExcluirsempre achei que os rituais e costumes católicos eram muito belos e muito úteis. Também não gosto do que o "progresso" fez. E olha que não sou católica!
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