sexta-feira, 29 de março de 2013

...QUANDO SEXTA-FEIRA ERA SANTA!




Quando a sexta-feira da paixão era santa e verdadeiramente se cumpria isso, a tradição milenar de não comer qualquer tipo de carne vermelha era respeitada. Também não se varria casa, as  músicas nas emissoras de rádio, só orquestradas e em volume baixo,  tocavam o dia inteiro. Naquele tempo não muito distante, Sexta-Feira Santa era realmente Santa! Tudo tinha que ser feito na Quinta-Feira da Paixão. Na Sexta-Feira, nada se podia fazer!

Mas, ir ao cinema, com toda a família – pai, mãe e filhos -, ver sempre reprises de filmes da “Paixão de Cristo” era um programa obrigatório. Embora sempre reprisados e em preto e branco, as pessoas se emocionavam, choravam e saiam tristes das salas de exibições, pelo sofrimento que Jesus sofrera para livrar os pecados de todos nós.  Muitas ainda com os olhos vermelhos, seguiam para o Arraial da Malhação de Judas. Verdadeiras representações de roças eram reproduzidas nas ruas sem asfalto das cidades e bonecos simbolizando o traidor de Jesus eram explodidos sob os aplausos!

Essas são lembranças esquecidas pelo tempo que nunca mais voltarão ao imaginário das pessoas de hoje, da era da tecnologia, dos sons estridentes, festivais de rock, como o Lollapalooza, por exemplo, bebedeiras e outras faltas de respeito mais. Os festivais de Rock quase sempre são promovidos nessas datas consideradas santas!

Nesse dia, as famílias jejuavam se ajoelhavam, se confessavam e pediam perdão de seus pecados aos padres, que representavam   Deus na terra! Mas, hoje, o confessionário parece que foi abolido das igrejas, pois não o vejo mais. Eles se localizavam nas áreas laterais das Igrejas e eram em forma de uma casinha. Os padres entravam se sentavam em um banco que existia para ouvir os pecados dos fiéis e aplicar-lhes as penitências. Estes à frente, se benziam depois, se ajoelhavam, e diziam: “eu vim aqui porque peguei” e contavam todos seus pecados, alguns nem tão graves assim!

Mas parece que com o desuso da prática de confessar a um padre seus pecados, não muito antiga, as igrejas aboliram totalmente os confessionários ou simplesmente as pessoas deixaram de acreditar que o padre é o representante de Deus na terra. Depois de participar da missa de Páscoa, se confessar e se comungar, a pessoa pecadora recebia a penitência, cumpria e depois deixava a Igreja aliviada, leve, sentindo-se purificada e com sua alma limpa! Também, com tantos escândalos sexuais envolvendo padres, bispos e outras pessoas das igrejas, antes tidas como pessoas “santas” não me admira que estes tenham sido abolidos. Para quê mantê-los, se não servem mais para nada?!!!!

Talvez temam que a confissão de seus pecados se torne pública, como ocorreu na engraçadíssima novela de Dias Gomes, quando o  folclórico prefeito e maníaco por um cadáver Odorico Paraguaçu mandou seu fiel escudeiro “Dirceu Borboleta” instalar microfone dentro da confessionário só para tentar ouvir as confissões das pessoas da cidade em tempo real e descobrir quem teria roubado um cadáver que inauguraria o seu cemitério, plataforma de campanha. Mas, sem sucesso, contudo!

Como o avanço da modernidade tudo acaba e faz acabar, infelizmente a prática da confissão dos pecados ao padre foi engolida pela tecnologia do mundo digital, quando até missa já é transmitida pela televisão!

É uma pena! 

2 comentários:

  1. Na casa da minha avó, todos os filhos se reuniam para o almoço, com bacalhau com batata. Belos tempos.

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  2. sempre achei que os rituais e costumes católicos eram muito belos e muito úteis. Também não gosto do que o "progresso" fez. E olha que não sou católica!

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