(Em
homenagem ao nosso professor professor Carlos Humberto, de Metodologia).
Como se fosse um professor
de verdade, a abri a porta da sala dos alunos calouros de Serviço Social, da
turma de 91, dei boa tarde a todos, disse que era o professor deles, distribui
uma lista de papel e pedi que cada um dos novos calouros assinassem seus nomes
completos, doando algum dinheiro para garantir a compra de papel e custear as
despesas da Universidade e para ajudar nas futuras greves professores exigindo
melhores no ensino e defendo a Universidade Pública, comuns naqueles anos. Depois,
pedi que todos, de mãos dadas, rezassem um pai nosso. Como era o primeiro dia
de aula de todos os calouros, ninguém conhecia ninguém, muito menos os que
seriam verdadeiramente seus professores.
Do lado de fora da sala, na
porta, algumas colegas como Rosaney Ramos de Assis, “que já tinha sido Cardoso”
como ela sempre se apresentava, Ana
Claudia da Silva Souza e Paula Francinete Batista e outras que não lembro mais,
esperavam na porta para entrarem atrasadas, uma a uma para que eu as mandassem voltar, com
autoridade. Todos os novos alunos calouros deveriam ficar pensando “mas como
esse professor é durão, chato em sala de aula!” E acho que pensaram isso mesmo
da brincadeira sadia imaginada pelo Departamento de Serviço Social junto com o
Diretório Acadêmico de Serviço Social.
Depois de tudo combinado,
dei início ao discurso informando aos calouros que o Curso de Serviço Social era
um dos piores e que se os alunos o tivessem escolhido por se acharem bonzinhos,
com desejo de ajudar e transformar os outros, que desistissem porque tinham
escolhido o curso errado. De tudo que disse, em meu discurso contra a Ufam,
falei uma verdade: “ninguém transforma ninguém, a menos que a pessoa queira e
aceite essa transformação para melhor”. Somos apenas um instrumento que
intermédia essa transformação! Continuo
dizendo isso até hoje!
Disse também que a Ufam era
a pior Faculdade que existia (já existiam algumas particulares autorizadas com
o mesmo tipo de curso, como a Uninorte, por exemplo) e que o curso era o pior de todos. E eu
impostei a voz para dizer que sabia do que estava falando porque eu era
professor de metodologia do estudo científico.
- Dá licença, professor.
Posso entrar? – pediu uma colega de sala de minha turma, a Paula Francinete
Batista, com quem já havia combinado para entrar atrasada em sala.
- Não; não pode, não. Volte...
– gritei, espantando a todos os calouros, que de nada sabiam e se assustaram com
minha rigidez.
- Mas foi o ônibus que
demorou a passar, professor... – tentou explicar a suposta aluna novata, a
colega Paula Francinete, enquanto as outras colegas de 36 mulheres e quatro
homens – dos quais dois desistiram no primeiro mês de aula.
- Não tenho nada a ver com
isso. Amanhã saiam mais cedo de casa e cheguem às 13H30min para assistir a
todas as aulas. Depois desse horário, não entrará mais ninguém. É só um aviso
para todos os calouros, porque sou professor de metodologia do estudo
científico e não vou tolerar essas coisas em minha sala de aula. Onde já se
viu. Vá já embora daqui, mude de curso ou não volte mais...
Eu coloquei “as duas
colegas de sala” para fora de minha aula. As duas saíram “fulas da vida”, me
chamando de professor carrasco, insensível e outras coisas mais, tudo isso
porque decidiram contrariar minha ordem, ao sentarem em suas cadeiras. Antes de
sair, pedi à Rosaney que apagasse o seu cigarro para não “contaminar” com
fumaça as outras colegas não fumantes da sala e nem pelos corredores. Como o
combinado, ela apagou e jogou fora o cigarro.
Todos, inclusive eu, de
mãos dadas, rezamos um pai nosso pedindo ajuda para a Fundação Universidade do
Amazonas continuasse tendo uma vida longa. Todos rezaram, mesmo não sabendo se
todos eram católicos. Ao final do trote alegre, divertido e não prejudicial a
ninguém, li a lista de doações e chamei uma por uma às pessoas que tinham doado
dinheiro e pelo valor, devolvi a todos
os alunos calouros. E terminei o trote quando o verdadeiro professor da matéria
entrou em sala. Tudo combinado, antes!
Displina nada mais.Isso falta nos dias de hoje os alunos tem bem mas direitos do que os professores.O meu melhor professor foi o professor Joel de Geografia e Historia do D. Bosco so passava quem sabia,com ele era muito dificil colar.Porque uma prova era escrita e a outra era oral.Foi ai onde descobrir o mapa e descidir morar aqui.Tudo na vida tem alguem que combina alguma coisa e nessa combinaçao aproveitamos so o possitivo da vida.So por causa dos trotes.A cronica faz reviver uma mulher madura e ao mesmo tempo adolecente que numca amadurece.
ResponderExcluirMaria Hirschi
Ch