Mais de vinte árvores
arrancadas pela raiz, retorcidas ou tombadas pela fúria dos fortes ventos, permanecem
inertes no Passeio do Mindu, como um protesto não mudo, surdo ou cego contra o
descaso do setor de limpeza pública da Prefeitura Municipal, que não recolheu e
as sepultou até hoje em local adequado, sem choros, missa ou velas. Enquanto
caminhava com minha esposa Yara pelo local, em meio aos passos e o silêncio sepulcral
dos pássaros, que não cantam mais, dava para ouvir o soluço das árvores
desprezadas, tombadas para o meio do igarapé, arrancadas pela raiz e uma, de
forma teimosa, toda verde, se recusando a morrer!
Todas as árvores que agora
continuam chorando também contra o homem que destrói a natureza, foram
arrancadas pela raiz, tombadas ou retorcidas pelo vendaval que ocorreu em
Manaus, no último dia 30, causando a interrupção do fornecimento de luz por até
três dias em algumas áreas da cidade, devido a queda de árvores em cima dos
fios de energia, além de outros prejuízos, como o destelhamento e tombamento de
casas, perdas de alimentos, prejuízos financeiros, coisas impensáveis para a
capital até poucos anos passados.
Com certeza, foi à vingança
da natureza agindo na forma que consegue e pode para se defender das agressões
dos homens, pela destruição da floresta amazônica. Sinais de vingança já tinham
sido dados ao Amazonas, com as fortes cheias que alagaram parte das ruas de Manaus,
seguida da forte seca nos Rios Negro e Solimões, com o surgimento de bancos de
areias e “ilhas” em meio aos dois grandes rios, que parecem mar, principalmente
o Solimões, que chega a ter mais de cinco quilômetros de distância de margem a
margem, em alguns locais.
Também tombada, permanece a
grade da quadra de esportes construída no Mindu pelas empresas que projetam
edifícios em uma rua estreita, destinada aos pedestres, mas que foi invadida
por construtoras, inclusive com a demarcação de vagas de garagens dos prédios
em local público, em total desrespeito a Lei, por não ser área privada,
possível de qualquer uso!
Felizmente, o pé de manga
rosa plantado no local pela jornalista Terezinha Soares, prêmio Esse de
Jornalismo em 1978, com seu fantástico protesto “Estão matando a floresta (os
homens morrerão depois com o título, “Estão matando a floresta (os homens
morrerão depois) publicada em A NOTÍCIA, no final da década de 70, permaneceu intacta,
com várias mangas no pé, talvez protegida pelas mãos de Deus, contra a fúria da
natureza!
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