sábado, 4 de fevereiro de 2012

HAITIANOS NO BRASIL: UMA QUESTÃO HUMANITÁRIA!

Muitas informações a favor e contrárias à permanência e aceitação dos haitianos pelo Amazonas circularam pelas redes sociais essa semana. Algumas delas até com certas pitadas de ironia, sarcasmos e até de deboches. Outras, contudo, sérias e responsáveis.

A história do Haiti e dos haitianos se divide em várias etapas e momentos. Da “Pérola do Caribe” a um dos países mais pobres do mundo, não demorou muito. Foram anos de luta armada, ditaduras cruéis, golpes, assassinatos e deposições de presidentes eleitos democraticamente.

Mas o certo mesmo é que o Haiti foi destruído por um terremoto de 7.3 na escala Richeter no dia 12 de janeiro de 2010, e2viu parte de seu povo formado por 9.719.932 habitantes, procurando reconstruir suas vidas em diversos outros países, incluindo o Brasil e, mais precisamente, no Estado do Amazonas onde, segundo dados da Igreja Católica que os acolheu, existem mais de cinco mil e do Acre, que não tenho essa informação mais devem ser outros milhares, fugindo da instabilidade política e das ditaduras que reiteradamente se sucedem no país, apesar de alguns avanços e retrocessos vividos ao longo de sua história, a partir da eleição para a Presidência do Haiti do padre católico Jean-Bertrand Aristid.

Formada por uma população muito jovem, ainda – 41% de O-14 anos, e 55% de 15-64 e apenas 4% acima de 65 anos, segundo dados históricos, com um índice de nascimentos de 31,87 (2000) e de mortalidade infantil de 54.02(2011) para cada mil nascidos. No meio disso tudo, crianças pegam em armas para matar ou morrer em nome de alguma ideologia.

Somente no Governo do presidente, o padre salesiano Jean-Bertrand Aristid, ligado à teologia da libertação, o processo de educação foi aperfeiçoado no país. Mas em setembro de 1991, Aristid foi deposto por um golpe de Estado liderado pelo General Raul Cedras e  se refugiou nos Estados Unidos. 
Em 3 de fevereiro de 2010, o Premiê Jean-Max Bellerive afirmara que já passava de 200 mil o número de óbitos vitimados pelo terremoto, mas o número de desabrigados poderia chegar aos três milhões. Diversos países disponibilizaram recursos em dinheiro para amenizar o sofrimento do povo haitiano, o país pobre e arrasado do continente americano.

O presidente norte-americano Barack Obama, afirmou logo após a tragédia que o povo haitiano não seria esquecido, obrigando a comunidade internacional a refletir sobre a responsabilidade dos países que exploraram e abandonaram o Haiti. Segundo as Nações Unidas, o sismo fora o pior desastre já enfrentado pela organização desde sua criação em 1945.

Deixando um pouco a história de lado, entrarei na questão social vivida pela população da ex-prospera e conhecida “Pérola do Caribe”, que está abandonada sim, apesar de todos os esforços humanitários realizados. Agora o povo abandonado e esquecido procura refúgio em outros países, incluindo o Brasil.
Das propostas prós e contra que li pelas redes sociais, uma delas, a do ex-candidato ao Governo Deusamir Pereira, nascido no município de Borba, doutor pela Universidade Federal do Amazonas atualmente docente  nas Faculdades Ciesa, Esbam, Uea(pós), Nilton Lins (pós), que fala francês (língua oficial do Haití, com vários dialetos) e espanhol, sugeriu que os haitianos refugiados fossem enviados aos municípios do Amazonas, onde faltava mão-de-obra, me pareceu à princípio uma das mais sensatas.

Outras informações que circularam pela internet, diziam que os haitianos eram analfabetos, não falavam português e que não deveriam ser aceitos pelo Estado. Outras disseram que eles tinham Aids, com um óbito apenas confirmado.  Outras os discriminavam somente por serem negros e muitas mais.

Meu posicionamento é: antes de analfabetos, negros, com AIDS, de não falarem português, porque todos esses “problemas” levantados podem ser resolvidos com vontade política e determinação. Como afirmei, entendo que a proposta apresentada pelo ex-candidato ao Governo ser a mais sensata, coerente e necessária porque todos os haitianos são  seres humanos e merecem  respeito e solidariedade. Mandá-los para o interior como mão-de-obra? Não!

O que eles estão buscando é apenas um país que os recebam em paz e que não mais convivam com discriminação e “ditaduras” de quaisquer espécies!