terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

KALLIL, UM HERÓI REAL NÃO FABRICADO PELO BIAL!

Kallil Assis Tavares passou no vestibular como qualquer outro aluno estudioso também passaria e nisso não tem nada demais. O fato de ele ser de uma família da cidade de Jatai, a 325 km de Goiânia, também não há nada demais. Kallil passou no vestibular para a Universidade de Goiás e nisso também não há nada de excepcional porque outros alunos que também estudaram, passaram para o mesmo curso e mesma Faculdade.

Então, porque estou me dando ao trabalho de escrever uma crônica sobre esse assunto, se tudo que disse e escrevi até agora tudo é perfeitamente normal?

O diferente nesse caso é o fato de Kallil Assis Tavares, de 21 anos, ser um portador de síndrome de Down e isso torna a conquista ainda mais expressiva, principalmente porque  foi o primeiro aluno com síndrome de Down a passar em um vestibular da UFG. O estudante não teve correção diferenciada, mas foi lhe concedido o direito de alguém ler sua prova e o fato de a prova ter sido impressa com letras maiores, “porque ele tem baixa visão”, explica a mãe do calouro, a pedagoga Eunice Tavares. Ela conta que a escolha do curso e a decisão de prestar o vestibular foram tomadas por Kallil. “Desde o início do ensino médio ele já começou a falar que prestaria vestibular para geografia”, diz.

A doença síndrome de down  ou trissomia do cromossoma 21 é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra total ou parcialmente e foi dado em homenagem a Jonh Langdon Dow, médico britânico que descreveu a doença pela primeira vez em 1862. Mas a causa genética dessa doença só foi descoberta em 1958 pelo professor Jérôme Lejaune, que descobriu  uma cópia extra do cromossoma 21, segundo registra a história da medicina.

Saiba, Kallil, enquanto você ver mapas no computador, eu busco ver em alguma parte do mundo existe tratamento definitivo para curar-me das bactérias borrélia e serratia,  adquiridas dentro de um hospital, durante uma cirurgia para tratamento de empiema cerebral.

Sua matrícula, Kallil já foi feita e as aulas começarão na próxima semana. Mas como você sempre foi estudioso e, segundo sua irmã Camila Assis, sempre gostou de estudar e fazer as tarefas e chegar com elas prontas na Escola desejaria muito tê-lo conhecido. Estudando geografia, conhecendo o mundo na palma de sua mãe, talvez um dia eu o conheça antes de minha morte morrida ou matada pelas bactérias!

Quando cursei Serviço Social, do qual também fui professor, estudei sobre sua doença, mais confesso que não a entendi muito bem e gostaria muito que sua força, determinação e objetividade em seus estudos servissem de exemplo para o apresentador Pedro Bial do BBB, porque você, sim, é o maior exemplo de que herói fabricado na “nave louca do Bial”, mas herói pelos seus próprios méritos e estudos. Na vida real, há tantos outros heróis também que não precisa ficar confinado em uma casa para ser chamado de “herói”. Basta estudar e não se exibir para as câmeras.  Parabéns, Kallil, é só o que posso lhe desejar e que conclua de seu curso de forma honrada como você conseguiu entrar: pela porta da frente pela sua própria capacidade! 

TUDO MUDOU NOS ÚLTIMOS 72 ANOS, MENOS O CÓDIGO PENAL!


Nos últimos 72 anos, muitas coisas mudaram no mundo: a II Guerra Mundial acabou, ditaduras que existiam principalmente nos países da América Latina foram extintas, o vergonhoso muro de Berlin que separava as duas Alemanhas, a Ocidental da Oriental fora derrubado, o regime comunista caiu, nações promoveram suas independências do jugo de outras, mas o Código Penal Brasileiro não mudou; no máximo, foram introduzidas algumas pequenas atualizações por força de tratados internacionais dos quais o Brasil participara ao longo dos anos, para adequá-lo à realidade mundial. E à realidade nacional, por que não foi levada em consideração nesses remendões, também?

Instituído pelo Decreto-Lei 2848/40, de 7 de dezembro de 1940, assinado pelo presidente da República Getúlio Vargas e seu ministro da Justiça, Francisco Campos, no centésimo décimo ano da Independência e nos 52 anos da República, instituída pelo Marechal Deodoro da Fonseca,  o Decreto-Lei, trazia apenas uma ressalva em seu artigo 361: que ele, o Decreto,  só entraria em vigor em primeiro de janeiro de 1942; portanto, mais de dois anos depois de sua assinatura. De lá para cá o já mundo mudou muito.

Infelizmente, no Código de Processo Penal brasileiro só presenciamos mesmo,  “remendos de ocasião” em momentos diferentes de nossa história. Nesses remendões, a história do Brasil não foi levada em consideração. E hoje, o que presenciamos, além do total descaso e despreocupação e falta de decisão política do Congresso Nacional em reformulá-lo, são discussões estéreis que se criaram devido à uma decisão pessoal, isolada, sem laudos que a ajudassem a colocar em liberdade um preso que tinha bom comportamento e, pelo Código, tinha cumprido parte de sua pena. Esse preso, voltou a delinquir de novo,  mas voltou a ser preso por estupro dentro de um ônibus. Um dia após deixar a cadeia se envolvera em dois assaltos a mulheres e em um estupro dentro de um ônibus.  Reconhecido devido a  uma tatuagem que mandara fazer em seu braço, o bandido fora reconhecido e preso e novamente a mesma juíza que o libertara, fora forçada a decretar sua nova prisão.

A liberação desse detento,  foi tomada em decisão isolada e solitária da juíza, mas o assunto voltou a tomar repercussões e agora a sociedade exige mudanças ou no mínimo atualizações no Código Penal, combalido, deficiente e arcaico  e quase prisioneiro em seu tempo,  ainda época política conhecida como  “Café com Leite” quando se revezavam no poder representantes do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM).

Um sistema penal sozinho não recupera ninguém nem discussões estéreis e sem muitos propósitos em ocasiões esporádicas sobre a  necessidade de reformá-lo junto com a também combalida Lei de Execuções Penais que, como tenho afirmado aqui em crônicas anteriores, é boa mais também, sozinha, não recupera ninguém porque os principais integrantes da lei não são aplicados, ou quando o são, não atingem os objetivos para os quais a lei foi instituída:  educação,  ressocialização e aprendizagem profissional, no mínimo!

Devido não somente a isso, mas também à completa complacência e subjetividade ao cumprimento do código, juízes ficam à mercê de suas decisões porque, se de um lado têm que por em liberdade alguns presos que já cumpriram suas penas, ou parte delas, do outro lhes faltam critérios avaliativos e laudos sociais, psicológicos, antropológicos para lhes dar essa convicção de que o preso a ser liberado realmente tem condições de se integrar à sociedade, com uma profissão e um trabalho já definidos previamente. Por outro lado, ainda há o próprio Estado que não dá sinais de quer verdadeiramente recuperar seus detentos em sua totalidade, com a dignidade e o respeito que eles merecem.
Como tenho afirmado sempre: sem educação básica ou uma profissionalização,  presos jamais sairão das cadeias recuperados e, devido a isso,  voltarão ao crime novamente. É uma pena!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E TAMBÉM NO MAR (a morte da menor Grazielly)


A total certeza da “impunidade” por se saberem protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que há muito tempo já deveria ter sido reformulado e adequado à realidade social dos dias modernos de hoje, aliado à imprudência, ao total desrespeito com a vida humana,  foram os únicos responsáveis por dois fatos envolvendo adolescentes: a morte da menina Grazielly, de apenas três anos de idade e que estava visitando  e se divertindo alegremente no mar do litoral de São Paulo, presente que lhe fora dado pelos seus pais, mas que estava só com sua mãe, Cirleide Lames, no último dia 18 de fevereiro e morreu porque um impetuoso menor de 13 anos decidiu pilotar um Jet Sky próximo à praia.

O outro fato, que nem desejo mais comentá-lo porque já virou uma rotina,foi à queima de moradores de Rua em Brasília  praticada mais uma vez adolescentes de classe média, protegidos pelo ECA também.  Isso é o cúmulo de bestialidade e da barbárie humana, protegidos que são pelo ECA que já cumpriu a função social para o que foi proposto e, embora bem intencionado, precisa ser reformulado para não proteger esse tipo de crime que no máximo lhes dará três anos de medidas sócio-educativas e depois sairão livres. E as vítimas desses menores criminosos, voltarão algum dia?

Mas vou me deter no primeiro caso, o da menina Grazielly principalmente, porque no segundo caso, o ocorrido na Capital da República, tal a bestialidade desses menores criminosos, recuso-me a tecer consideração porque queimar um ser humano vivo, é o máximo da barbárie que o ECA permite ser feito, além reincidência em latrocínios, tráfico de drogas, formação e liderança de quadrilha e mais outros.
Não foi a primeira vez, nem será a última ocorrência em Brasília, o centro do poder no Brasil. Mas não deixa de ser uma vergonha descarada, protegida sob o manto de um Estatuto que não deveria abrigar esses menores criminosos porque se eles são capazes de tocar fogo em uma pessoa, o fazem por livre decisão e não influenciados por outras pessoas...e  também têm consciência plena e psicológica para responder pelos seus atos como todos os demais criminosos!

A menina Grazielly, de apenas três anos, fora conhecer o mar pela primeira vez e brincava feliz nas areias da paia, mais um menor de apenas treze anos, protegido pelo ECA, tirou-lhe a vida, pilotando em um jet ski, no mínimo em um total ato de  imprudência, imperícia e negligência.  O jet ski, segundo testemunhas, parece que estava acelerado ao máximo e saiu desgovernado rumo a vários outros banhistas, atingindo outras pessoas também até matar a menor.

A empresária Ana Julia Cardoso, dona do Jet ski e madrinha do adolescente de 13 anos, pediu perdão à mãe de Grazielly porque não poderá trazer sua filha de volta, com certeza. Mas seu afilhado sob a proteção do ECA deixará a medida “sócio educativa” ,em no máximo daqui a três anos, se isso realmente acontecer e andará pelas ruas como se não tivesse imprudente e negligentemente matado ninguém. Mas será que apenas um pedido de perdão da madrinha de um irresponsável vai ser suficiente? Acho que não!

Não haverá indenização por maior que seja seu valor arbitrado pela justiça, trará a inocente Grazielly de volta! A família pode e deve pedir indenização aos pais do menor irresponsável, imprudente e negligente! Mas qual valor que pagará a vida de uma menina de apenas três anos apenas que, no dia em que estava sendo filmada em sua alegria infantil e inocente de seus três anos, mas voltou para casa, mas só o corpo porque a vida lhe fora tirada pela negligência e imprudência de um menor de 13 anos que dirigira um Jet ski de sua madrinha, escondido de todos.

À polícia, o adolescente disse que quem levou o equipamento para o mar foi o caseiro, com a autorização do padrinho. A madrinha desmentiu o afilhado. “Eu acredito no meu caseiro”, disse a empresária dona do aparelho. O caseiro deu depoimento para a polícia e disse que não levou para a água o Jet ski. Ana Julia afirma que nenhum responsável autorizou o adolescente a pegar o jet ski e diz que o menino pegou o equipamento sozinho. 

Mas essas discussões só terão importância para a polícia definir quem será indiciado pelo crime! Mas qualquer seja o resultado Grazielly não retornará mais para sua mãe, mas o menor que a matou sim!

Como o Jet ski foi levado ao mar, então? O advogado do adolescente, em seu justo papel de defensor do indefensável, Maurimar Bosco Chiasso,  afirma que não houve fuga da família depois do acidente, como fora inicialmente divulgado porque “ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo. Então foi uma situação de desespero”.  Por que não procuraram saber o que estava acontecendo, então?

Agora, com Grazielly morta, começam a surgir as explicações: “Os jet skis não têm freio. Só têm acelerador. O mecanismo de segurança é por meio de uma chave. Ela fica presa por um cabo ao pulso ou ao colete salva-vidas, que é de uso obrigatório. Se o piloto cai, o movimento do corpo puxa o cabo e a chave é desconectada. A partir do momento que você cai, então na hora ele reduz a velocidade à marcha lenta, que é em torno de cinco, seis km por hora. Se a pessoa se esquece de atar o cabo ao pulso ou ao colete, ele pode se enroscar no acelerador. E se ela cair, o jet ski não vai reduzir a velocidade. Aí é um peso de 400 quilos, numa velocidade, ás vezes de 40km/h, é um impacto razoável, como explicou um piloto profissional Denísio Cesarini, três vezes campeão mundial e 13 vezes campeão brasileiro na modalidade.

Dois estudantes também morreram quando andavam de jet ski; um em Pitimbu, Paraíba, e outro em Campo Maior, Piauí. Neste sábado, em Bitioga, há 11 quilômetros da praia onde a menina Grazielly morrera, policiais flagraram outro menor pilotando um jet ski alugado. Felizmente, fora pego porque onde a menina Grazielly morreu, não havia só ela; mas muitos outros banhistas também e a tragédia poderia ter sido bem maior.

“Hoje foi a minha filha, amanhã pode ser a filha de mais alguém. Essa dor não vai passar. A gente espera justiça, que justiça seja feita”, desabafou o pai de Grazielly. E eu pergunto também, até quando meu Deus esses pontos de aluguéis de jet ski vão continuar funcionando sem qualquer  fiscalização e alugando tranquilamente esses aparelhos para menores inabilitados? Talvez até quando  alguém de elevada parente da Marinha,  responsável pelo patrulhamento e fiscalização, tiver um de seus filhos mortos de forma imprudente...


Ah, ia esquecendo-me de comentar o outro assunto, o do “churrasco humano” promovido por menores de Brasília. Mas só o farei  só para informar que não é só Brasília que possui esse triste e vergonhoso quadro porque  a violência contra a vida humana e a tradição vergonhosa de “assar vivos” moradores de rua.

Belo Horizonte também apresenta um número assustador: só este ano, 20 moradores de rua morreram, mas não em forma de “churrasco humano” como ocorreu no Distrito Federal.  Quanto ao fato específico ocorrido em Brasília, prefiro nem comentá-lo! Parece que na capital federal essa prática já virou uma tradição vergonhosa entre os adolescentes!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

SAUDADES DE ONTEM

Crônica extraída de meu livro CRÔNICAS COMPROMETIDAS COM A TUA VIDA, publicado em 1989 e republicado no Estado do Pará em 1990:


Porque hoje é sábado, todos se reúnem na casa de alguém para, perguntando um a um e interrogando os que passam descobrir na casa de quem será a festa, logo mais à noite. Hoje está definido, a festa não será na minha casa, mas na casa do João, que namorou minha irmã mais não namora mais, mas que tem uma irmã bonita que eu já namorou todos os meninos da rua. É fácil saber onde fica a casa do João.

Definido o local, a notícia corre rápido e até de bairros distantes aparece gente. Da sala principal da casa, foram afastados todos os móveis, que eram poucos, e transportados alguns para o terraço e outros para o quarto. Estava pronto o local da festa para receber os convidados.

 O dono, como é lógico, ficou à porta, recebendo os que eram convidados e os que se convidaram porque conheciam alguém, que conhecia outro alguém, que era amigo de um amigo do dono da casa. Ao final, todos entravam, brincavam, dançavam, namoravam e terminavam se conhecendo mesmo.

 Eu, tímido, ficava só olhando e ouvindo as músicas de Pepino de Capri, Y Santo California, Gilbert, Nazareth, Michael Jacksson, com seus 10 anos de menino prodígio cantando “Beem”e tantos outros sucessos bons que hoje não se escuta mais. A irmã do João, a única pessoa que interessava praticamente a todos os que lá estavam, dançava com outro e eu não tinha coragem de me chegar.

 E a festa entrava noite à dentro, cada vez chegando mais gente. Em frente à casa, muitos jovens olhavam para dentro para ver se havia muitas garotas. Festa sem garotas não era festa. Também tentavam descobrir onde seria a festa da semana seguinte, na casa de quem, e se haveria muitas meninas.
O João, dono de tudo, deixou dar onze horas e parou o som da vitrola Nivico.  Ninguém entendeu nada. De repente, entrou na sua a sua mãe, dizendo que estava na hora. Na hora de quê, de terminar a festa? Foi o que todos se perguntaram ao mesmo tempo. Não, não era de terminar a festa, mas de cantar parabéns, afinal, havia um aniversariante na festa e era o próprio João.

O estranho é que ninguém sabia que ele estava aniversariando. Todos pensavam que aquela era mais uma simples brincadeira de final de semana, como era comum entre todos os jovens. Muitos esboçaram um sorriso e cantaram parabéns a você. Outros se encostaram pelos cantos, confidenciando alguma coisa nos ouvidos das garotas. Eu fiquei parado, esperando um tempo para me chegar à irmã do João. Veio parabéns e todos cantaram, recomeçando a festa em seguida, que só terminou depois das duas da manhã, um horário considerado já muito tarde para todos os jovens daquela época.

 Terminada a festa, desci a rua acompanhado de um grupo de rapazes, ouvindo atentamente o falatório das conquistas. O que menos falava, dizia que havia tocado nas mãos de uma garota. Outros iam mais além e apostavam que tinham beijado fulana, irmã de outra fulana, que namorava com fulano. Já outro havia descoberto que uma garota não namorava mais com aquele rapaz e por aí afora.

 Eu, calado, só pensava mesmo no dia em que eu poderia me chegar à irmã do João, que namorava minha irmã. Sabia que, em primeiro lugar, eu teria que aprender a dançar, coisa que eu considerava muito difícil. Mas, afora isso, a festa tinha sido ótima, afinal, eu pude ver, mesmo de longe, a irmã do João!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

EMPREGO X DESEMPREGO X QUALIFICAÇÃO DO TRABALHADOR



Na luta travada hoje no Brasil entre o emprego X desemprego X qualificação profissional, quem sai perdendo é sempre o trabalhador  que assiste  impotente as ofertas de vagas de mão-de-obra pelas empresas, mas para as quais ele não foi preparado nem qualificado e ficaram indefesos diante do fim do Decreto 2208/07.

Revendo alguns dados econômicos, cruzando-os com dados de emprego e desemprego gerado nas capitais e lendo sobre o novo recorde em arrecadações de tributos e impostos pelo Governo Federal, que superou em janeiro a casa dos 102,57 bilhões de reais fica difícil entender qual teria sido a razão para o fim do Decreto 2208/97, que regulamentava a educação técnico-profissionalizante, quando cursos podiam ser criados ou extintos, seguindo tão somente as oscilações do mercado de oferta e procura,  que verdadeiramente atendiam às necessidades do mercado de trabalho e geravam empregabilidade imediata para os jovens que buscavam o primeiro emprego, mesmo sem qualquer experiência porque lhes bastava à formação.

Fiquei sem entender os motivos! Se é que o Governo fez isso por ter motivos ou somente porque algum “intelectual” no Governo tomou a decisão de extingui-lo.  Só posso entender que o crescimento da arrecadação no Brasil bateu um novo recorde de crescimento real de 6,04%, em relação a janeiro de 2011, segundo dados da Receita Federal.   Em relação a dezembro do ano passado, a arrecadação teve um aumento de 5,57%, mas a má qualificação de jovens para o mercado de trabalho continua andando para trás.

Com o fim dos cursos técnicos profissionalizantes, jovens continuam procurando empregos, carregando pastas e pastas e distribuindo  currículos na esperança de serem chamados. Mas, na outra ponta, está o mercado de trabalho procurando preencher suas vagas, mais esbarrando na falta de mão-de-obra qualificada. Em outras palavras, a educação no Brasil está andando de marcha à ré, ao contrário de engatar a primeira marcha e seguir em frente, embora que lentamente!

Com relação ao emprego, foram criadas 118,8 mil vagas de carteira assinada em janeiro de 2012, o que representou um aumento de 21,8% no número de vagas em relação a 2011 quando foram gerados 152.091 empregos formais em todo o país.  E o que isso tem a ver com o fim do Decreto 2208/97? Tudo! Com o Decreto em vigor, certamente a busca pelo primeiro emprego poderia ser amenizada.

Ao acabar com o Ensino Técnico Profissionalizante, o Brasil acabou também com a possibilidade dos jovens sem experiência ingressarem no mercado de trabalho com CTPS assinada! Proibiu, também, ao jovem sonhar com seu primeiro emprego, literalmente. Isso também é uma forma de ditadura, embora disfarçada!

Fiz curso de magistério no IEA e consegui logo o primeiro emprego como professor primário. Mas isso é passado, memória boba de um  saudosista, porque hoje tudo acabou! Inclusive o sonho dos jovens de ingresso no mercado de trabalho porque se, antes não tinham experiência, no mínimo um curso técnico eles possuíam, o que lhes dava essa possibilidade de emprego.

Hoje, tem jovens formados em Universidades em curso de quatro anos, desempregados, é verdade, mas porque não querem se sujeitar a aceitar qualquer tipo de emprego ou salário. Mas raras são as pessoas que fizeram o curso pós-médio que ficam desempregadas porque não têm a síndrome do “bacharel”, quando a pessoa passa a escolher empregos melhores e não aceita salários menores.

Com o Decreto nº 2208/97, que regulamentava a educação técnico-profissionalizante no Brasil, foram criados cursos de caráter específico, de acordo com a necessidade do mercado de trabalho privado, com caráter empregatício, atendendo com rapidez e urgência de mão-de-obra qualificada em determinado ramo; o setorizado, que atuava em um setor específico do mercado e o  temporal; ou seja, enquanto o mercado estivesse absorvendo a mão-de-obra que estava sendo qualificada, mas quando não era mais necessário o tipo de mão-obra, fechavam-se os cursos.

Esses cursos tinham um caráter de especificação própria de uma determinada espécie e não de uma especialização, ou seja, não se tornavam especialistas em nada; era só para atender a um momento específico de mercado.

Mais uma vez, deixo à reflexão dos leitores, a frase do poeta, contista e romancista de origem alemã, mas criado em Los Angeles, na América, Henry Charles Burowsk Jr, postada na página do facebook da jornalista amazonense Menga Junqueira:  “O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas e as pessoas idiotas estão cheias de certeza”. Talvez tenha sido por esse motivo que extinguiram o Decreto 2208/97.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

NO MEIO DO CAMINHO SÓ TINHAM DOZE POSTES...!!!!


Ao contrário do que escreveu o poeta Carlos Drumond de Andrade, em seu excepcional livro “Alguma Poesia”, no qual consta o poema “No meio do Caminho”, afirmando que  teria  uma pedra no meio do caminho, serve muito bem para definir com precisão o fato ridículo e a total falta de planejamento urbano na cidade de Maringá, no Estado do Paraná, porque o aviso de obstáculos que foi colocado na pista, nada mais era que “somente” doze postes de iluminação pública no meio da rua. Como a rua fora inaugurada esses postes todos? Depois da denúncia, a Prefeitura mandou colocar cascalhos na rua, impedindo totalmente o tráfego.


Dá para imaginar o malabarismo e as dificuldades que os motoristas passaram a ter com postes dividindo o meio da rua. Eles eram como se fossem demarcação de fila contínua onde é proibido qualquer tipo de ultrapassagem de veículos e estes tinham, obrigatoriamente, que desviá-los um a um, em uma espécie de balé ridículo.


Na cidade de Maringá, o Código Brasileiro de Trânsito parece que foi totalmente ignorado, rasgado e jogado no lixo e é difícil de acreditar que esse absurdo tenha sido cometido em uma cidade planejada e linda, como a Maringá que conheci na década de 80 quando estava seguindo à Paranavaí para receber um prêmio em um Teatro daquela cidade acolhedora.


Toda pessoa, por mais ignorante que venha a ser, sabe que não pode ser inaugurada qualquer via pública e liberada ao tráfego sem estar devidament6e demarcada e sinalizada. Mas só tinham mesmo doze postes atrapalhando a fluidez do trânsito diário.


Mas esta, em particular, recebeu apenas uma placa dizendo que existiam obstáculos na pista. E os obstáculos nada mais eram que doze postes de iluminação pública, alguns com marcas de abalroamento de veículos.  


Para comemorar efusivamente essa ridícula demonstração de incompetência administrativa e a falta de planejamento urbano, só mesmo o poeta Carlos Drumond de Andrade para descrevê-la tão magistral e perfeitamente em sua obra “Alguma Poesia”, em primeira edição em 1930 e várias reedições posteriores até os dias de hoje:

NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Motoristas da linda cidade de Maringá como eu também, esperamos que essa situação seja resolvida de imediato. Enquanto isso não o for,  transcrevo o mesmo poema “No meio do caminho” , de Carlos Drumond de Andrade, em uma versão somente para a Cidade de Maringá:
NO MEIO DO CAMINHO TINHAM SÓ DOZE POSTES...!!!
No meio do caminho tinham só doze postes
tinham  só doze postes no meio do caminho
tinham só doze postes
no meio do caminho tinham só doze postes
Nunca esquecerei desse acontecimento
na vida de  motoristas tão fatigados de Maringá
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinham só doze postes
tinham só doze postes no meio do caminho
no meio do caminho tinham só doze postes.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

LEI DA FICHA LIMPA X ESCOLHA DE CANDIDATOS HONESTOS!

LEI DA FICHA LIMPA X ESCOLHA DE CANDIDATOS HONESTOS

Com o resultado do julgamento pelo STF da chamada “Lei da Ficha Limpa”, aprovada em 2010, mas que só valerá a partir deste ano, para as eleições de prefeitos e vereadores, duas coisas podem ou irão ocorrer, depois que a ministra corregedora do CNJ, Eliana Calmon, declarou que também existem alguns “bandidos usando togas”:



1.           ou os partidos políticos escolherão políticos sérios e honestos como já os foram no passado; a sociedade só terá a ganhar com isso.

2.           ou surgirão, eventualmente, os membros do judiciário que ficarão milionários, absolvendo os que lhes pagarem bem ou condenando aos que não agirem assim, por se recusarem a lhes pagarem; e a sociedade perderá muito com isso.


O Supremo determinou que o político pode ser impedido de disputar a eleição por ter sido condenado por um órgão colegiado da Justiça ou por uma representação profissional, como a OAB e Conselho Federal de Medicina, mesmo que ele ainda possa recorrer da decisão. Nesse aspecto é que reside  minha preocupação com relação ao que a ministra chamou de “bandidos de togas”, porque estes podem querer ganhar dinheiro com isso.

O político que também renunciou ao mandato para escapar de uma cassação perderá o direito de disputar a eleição e o político que tiver contas rejeitadas também ficará inelegível.

Foi-se o tempo em que os partidos políticos buscavam candidatos honestos, sérios, probos em suas atitudes porque hoje só se busca pessoas, muitas condenadas pela justiça, mas que têm votos em seus municípios.

Foi por isso que grande parte dos antigos políticos que entravam em campanha por amor, paixão e a “candura” de apenas e somente servir ao próximo, e também por exercerem  uma política idealista, passaram a desistir de suas candidaturas pois não teriam como competir com candidatos fabricados pela mídia, em estúdios de TVs ou rádios, nem sempre com comportamentos honestos. Mas o que se vê, hoje, com honrosas exceções, são campeões de votos e candidatos que só têm amor ao dinheiro que ganham, sem uma ideologia definida, que trocam de partidos como se troca de roupa.

No caso da lei “ficha limpa”, quem tiver contas rejeitadas passará, também, a ficar inelegível. E com a complexidade, a objetividade e precisão nas informações a serem prestadas aos Tribunais Eleitorais, muitos candidatos terão que contratar profissionais competentes, sérios e comprometidos não só com a eleição de seus candidatos, mas com as informações que prestarão sobre os gastos de campanhas, para comporem seus staffs eleitorais.

Com a decisão corajosa do STF e o combate à corrupção pelo CNJ, talvez a classe política passe a ser vista com outros olhos, até que o Congresso se determine a fazer uma profunda reforma eleitoral, contemplado todos os avanços sociais e morais já conseguidos por vias de decisões judiciais que inclua a Lei da Ficha Limpa em seu bojo e não a fique modificando para cada eleição e para cada legislatura, como fizeram os militares.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

'UM CANTO DE AMOR SEM FIM" PARA YARA!


A música “canto para um amor sem fim”, gravada pelo  sambista mineiro de Pipapetinga, interior do Estado, Mário de Souza Marques Filho, ou simplesmenteNoite Ilustrada” é um hino de amor perfeito para Yara, minha esposa que já me acompanha a sete anos ininterruptos com as minhas mudanças de humor, crises, convulsões, internações, altas e remédios diários.

Minha esposa se preocupa até com a comida que como, separa tudo que não devo comê-lo e não me serve nada sem ter a preocupação de examinar antes.

Esse apelido “Noite Ilustrada” lhe foi dado pelo humorista Milton da Silva Bittencourt, o “Zé Trindade”, nascido em Salvador em 1915 e falecido no Rio de Janeiro em 1990, quando ainda calouro, em função de ser viciado numa revista de passatempo com palavras cruzadas que tinha esse nome.

Como afirmei, a música “canto para um amor sem fim”, se tornou um hino de amor em meus ouvidos e define perfeitamente a relação que mantenho com minha esposa, há 14 anos dos quais sete anos acompanhando-me com meus problemas de saúde. Minha esposa é uma guerreira também! Ao longo de um grande homem, sempre existe uma excepcional mulher. E a ela que desejo homenageá-la.

Devido a isso, tomo emprestado a letra da música para prestar uma homenagem à Yara Queiroz, minha esposa, advogada por profissão.

“Eu não posso mais viver, sem ela”, a Yara / “Ela (Yara) é minha mania, destino, caminho, meu luar” que define minha rota e me fez chegar clareando meu caminho./ “Na (escrita) sei que levo todo mundo/ Mas não posso um segundo, ao meu peito enganar...” E não engano a ninguém!
“Minha rua, não é rua sem teus passos”, Yara/ “O meu quarto sem teu corpo é sem calor” (Yara)/ Não adianta ninguém/ Ter os teus traços, teu perfume, teu sorriso (Yara)/ Se não tem o teu amor, Yara.
“Coração, sabe o que quer”. E é a  Yara que ele quer, mas se “Machuca, maltrata, reclama/Se eu arranjo outra mulher...”

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MEU ANIVERSÁRIO EM UM HOSPITAL EM SP!

MEU ANIVERSÁRIO EM UM HOSPITAL EM SP!
(homenagem à Yara Queiroz, minha esposa)

O ano era 2007. O dia era 13 de fevereiro.

Uma torta em uma mão e um girassol na outra.

Foi assim que chegara minha esposa ao Hospital São Joaquim, na Beneficência Portuguesa, naquela manhã fria, na cidade de São Paulo.
Era o dia de meu aniversário!

Havia sido submetido à quinta cirurgia para drenagem de secreção em meu cérebro, pelos médicos Antônio Almeida e Valéria Moio. Era a quinta cirurgia e a segunda realizada pelos profissionais da medicina no mesmo hospital.

Mas era meu aniversário! E eu o havia esquecido por completo!
Eu lá, deitado inerte na maca da enfermaria, olhando para um teto pintado de branco, havia esquecido a data. Sabia apenas que estava frio naquela manhã quando minha esposa entrou na enfermaria, com a torta e uma flor de girassol.

Mas foi lindo – e apaixonante também, vê-la com uma torta na mão e uma flor de girassol na outra.

-Parabéns pra você! Trouxe-lhe este girassol que significa luz e vida – disse minha esposa, ao entregar-me o girassol.

 Algumas enfermeiras foram até ao local, ao ouvir minha esposa falando um pouco alto:

- O aniversário dele é hoje?

- É sim. É hoje, respondera minha esposa, entusiasmada.

Eu, deitado na maca da enfermaria, só tive condições de confirmar  “é...mas não é que havia esquecido disso!?”

Refeito do prazer e, ao mesmo tempo do susto que minha esposa  me causara por ter se lembrado de meu aniversário e eu, esquecido dele, convidei enfermeiras para comer a torta que fora comprada em uma padaria na esquina da rua do hospital. Nem refrigerante tinha.

Pedi uma faca para cortar a torta! "De aço, se poder" - acrescentei.

Não pode! Se souberem que fiz isso, serei demitida! – respondeu-me a enfermeira. Eu apenas disse-lhe:  “...demitida por uma nobre causa, atendendo ao pedido de um quase moribundo!”

“Eu vou buscar a faca de aço, então!” e saiu da enfermaria a enfermaria.

Trouxe-me a faca, cortei a torta, beijei e guardei a flor de girassol em um canto, na janela, durante dias, até murchar como se ela fosse uma jóia rara – e era para mim. Mas não o girassol como  desejei beijar minha esposa, se pudesse, naquele momento.

Devido ao frio que fazia em São Paulo, o girassol permaneceu firme por alguns dias, até que faleceu como quase falecia também devido a um derrame que sofri.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"VÊSICOLA" E O CORTE NO ORÇAMENTO


O garçom em um  determinado restaurante apresenta à conta a um freguês: entre as bebidas consumidas entre coca-cola, constava também 10 “vêsecola”.  “Não pedi esse “vêsecola”  e nem sei  que bebida é essa! Explique-me” – “Retire as dez “vêsecola” dessa mesa porque essa não colou”, falou o garçom ao caixa. Ele as retirou porque não havia colado com aquele freguês; mas com outros, já.

Neste valor estão incluídas R$ 20,3 bilhões em emendas parlamentares. Ou seja, o orçamento aprovado para este ano, cheio de “vêsecola” por  emendas parlamentares não colou e, como fez o garçom do início de minha crônica, o Governo cortou-o porque não “colaram”.

Começo minha crônica com essa ironia  só para comentar o corte de R$ 20 bilhões em emendas parlamentares, no meio do corte de R$ 55 bilhões do orçamento do Governo Federal este ano. Nenhum ministério escapou dos cortes. Despesas do dia a dia, viagens de funcionários e outros gastos vão ter corte de R$ 35 bilhões.

Do bloqueio total de R$ 55 bilhões de cortes anunciados no orçamento deste ano, R$ 25,5 bilhões são em investimentos. A maior redução será no Ministério da Saúde: R$ 5 bilhões. Nesse ponto, me alongarei um pouco mais.

Não se discute  os cortes no orçamento, mas as péssimas gestões, os desvios de  administradores do sistema de saúde público em quase todo o Brasil, muitos impunes até hoje porque a Justiça lhes oferece inúmeros recursos jurídicos.

São hospitais por concluir, medicamentos adquiridos e pagos, mas não entregues, equipamentos hospitalares doados sem nenhum custo pelo Ministério da Saúde, mas sem uso em muitos hospitais e a população necessitando de tomógrafos, mamógrafos, aparelhos de rádio X, remédios, conclusão de obras em hospitais, enfim.

Como afirmei, não “colou” os 20 bilhões de dólares em emendas parlamentares, algumas para conclusão de obras prioritárias; outras necessárias; outras, porém, só fazer para conchavos e negociatas políticas e direcioná-las à ONGs e Fundações comandadas por políticos.

O governo espera economizar outros R$ 20 bilhões na redução de gastos das chamadas despesas obrigatórias, como benefícios pagos pela Previdência. Estará fora do arrocho investimento no o PAC e os programas sociais, como o “Brasil sem miséria”. Ao todo, uma economia deverá ser de R$ 55 bilhões.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tanto esforço é para garantir a redução da dívida pública. A meta do governo é pagar R$ 140 bilhões em juros este ano.


O governo está otimista. Esse otimismo, contudo, durará só até quando os deputados federais e senadores se rebelarem contra o Governo Federal e começarem a negociar liberações de emendas parlamentares em troca de votos. Já vi esse filme outras vezes!